
Porque descrês, mulher, do amor, da vida?
Porque esse Hermon transforma em Calvário?
Porque deixas que, aos poucos, do sudário
Te aperte o seio a dobra humedecida?
Que visão te fugiu, que assim perdida
Buscas em vão neste ermo solitário?
Que signo obscuro de cruel fadário
Te faz trazer a fronte ao chão pendido?
Nenhum! Intacto o bem em si assiste:
Deus, em penhor, te deu a formosura:
Bênçãos te mandam o Céu em cada hora.
E descrês do viver? E eu, pobre e triste,
Que só no teu olhar leio a ventura,
Se tu descrês, em que hei-de eu crer agora?
Antero De Quental
Foto da tela "As Três Idades da Vida", 1905, de GUSTAV KLIMT [1862-1918], um GRANDE SENHOR das ARTES.
ResponderEliminar:)
I.
mais concretamente uma parte da tela. :)
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