Era uma manhã de Dezembro já bastante perto do Natal. Estava frio e a respiração que saía do meu nariz formava logo aquela nuvenzinha opaca pela enorme diferença com a temperatura exterior. Saíra com a intenção de ir procurar algumas prendas de Natal e, mentalmente, ia imaginando o que compraria, de acordo com o gosto daqueles a quem elas se destinavam. Eis senão quando reparei em quatro garotos, bastante pequenos, que caminhavam à minha frente, falando animadamente. Tinham como tema as prendas que o Menino Jesus colocaria nos sapatinhos e, vai daí, a minha atenção ficou logo presa àquela conversa, em prejuízo da intenção que me fizera sair de casa. Decidi portanto ir fazendo o mesmo percurso que eles.
Os brinquedos e jogos iam sendo enumerados, qual deles o mais sofisticado. Os sapatos de cada um estavam já a abarrotar… e a graça é que , nem punham só hipóteses de receber tais prendas, tinham já certezas! O Menino Jesus só teria mesmo que ler aquela lista e “dar despacho” aos pedidos de cada um!
Ouvindo aquele punhado de sonhos ali expostos à minha “cusquice” eu ia sorrindo divertida …
Aconteceu então que um dos miúdos que, até aí se mantivera calado, levantou a sua voz para dizer o seguinte:
_«Olhem, sabem que mais? Não é nada o Menino Jesus quem traz as prendas…São os nossos pais que as compram para nós…»
Fez-se um breve silêncio logo seguido de um protesto da parte dos outros. Mas, o garoto, muito sério, prosseguiu:
_«E sabem porque digo eu isto?… Para casa dos ricos é que vão os brinquedos mais caros e melhores e eu sempre ouvi dizer que o Menino Jesus é bom e amigo de todos, portanto não ia tratar pior os pobres se fosse realmente Ele a trazer as prendas!…»
Ouvindo aquele punhado de sonhos ali expostos à minha “cusquice” eu ia sorrindo divertida …
Aconteceu então que um dos miúdos que, até aí se mantivera calado, levantou a sua voz para dizer o seguinte:
_«Olhem, sabem que mais? Não é nada o Menino Jesus quem traz as prendas…São os nossos pais que as compram para nós…»
Fez-se um breve silêncio logo seguido de um protesto da parte dos outros. Mas, o garoto, muito sério, prosseguiu:
_«E sabem porque digo eu isto?… Para casa dos ricos é que vão os brinquedos mais caros e melhores e eu sempre ouvi dizer que o Menino Jesus é bom e amigo de todos, portanto não ia tratar pior os pobres se fosse realmente Ele a trazer as prendas!…»
O meu sorriso logo desapareceu… senti que aquela manhã ficara de repente mais fria e, ainda hoje, não esqueci a lógica do discurso daquela criança.
Este garoto existiu realmente. Embora haja já passado cerca de meio século sobre o episódio que relatei, julgo ter repetido textualmente as palavras que ouvi àquela criança .
Este garoto existiu realmente. Embora haja já passado cerca de meio século sobre o episódio que relatei, julgo ter repetido textualmente as palavras que ouvi àquela criança .
(Na imagem, uma composição de Natal, da autora do post)
M.A.
Gostei, tanto da composição imagética, como da composição escrita.
ResponderEliminarBoas Festas para as Colaboradoras do Blog da Simecq Cultura, que tanto prezo.
Apesar de estar com o tempo muito limitado, nao pude deixar de espreitar o Blog e de fazer um comentário ao texto apresentado.
ResponderEliminarA maior sinceridade do mundo é das crianças.
O texto vem a propósito nesta quadra. Obrigada Amélia por o partilhar connosco.
Gi:
ResponderEliminarObrigada pelo comentário e pelos votos de B.Festas. Igualmente lhe desejamos que tenha passado um Natal Feliz e que o 2010 venha todo na positiva. Na imagem do post, falta apenas a redoma de vidro que completa este conjunto mas que prejudicava a foto. Volte sempre.
Quica:
Obrigada por mais esta visita. Fazemos coro consigo na afirmação que empregou sobre as crianças.Volte sempre.
Amélia é muito verdadeira e pertinente a conclusão da criança da história.
ResponderEliminarSe houvesse mais equilíbrio no Mundo, tudo seria melhor.
Arbaço