«…Reza a história que o
capão remonta aos tempos dos romanos estando intimamente ligada à Roma antiga e
à figura do cônsul Caio Cânio que, provavelmente, incomodado com o despertar sonoro dos galos pela
madrugada fez aprovar no Senado uma lei que proibia a existência dos galináceos
no perímetro urbano da cidade. Os seus súbditos privados deste alimento e
desagradados com a medida, inventaram uma forma de contornar a disposição
legal, pois acreditavam que desvirilizando os galos estes deixariam de cantar. Só que
para compensar a ausência da função reprodutora, o sápido eunuco engorda
compulsivamente e a sua carne adquire novo paladar Pormenor que não deixa
indiferente os romanos que passam a castrar os seus galos bem cedo para melhor
proveito tirar do seu sabor. E, desta forma, percorrendo séculos de história a
iguaria considerada um “Manjar dos Réis” é referenciada em obras de Gil
Vicente, de D Francisco Manuel de Melo, de Camilo Castelo Branco e de Eça de
Queirós e chega a Freamunde para ali adquirir o seu sabor mais delicado.
Certificada como Indicação
Geográfica protegida, por espacho nº 4253/2011, de 7 de Março, Freamunde
homenageia o capão em Dezembro durante duas duas semanas, com iniciativas
gastronómicas que permitem degustar a especialidade, comercializar e avaliar as
características da ave viva…»
Receita à Freamunde:
Um manjar real e sublime que
deve ser preparado “à Freamunde”, conforme receita tradicional que se segue:
Embebedar o Capão com um
cálice de Vinho do Porto meia hora antes de o matar e na véspera de o consumir.
Depois de depenado e lavado,
colocar em recipiente dom água fria e rodelas de limão durante meia hora. De seguida
escorrer bem e mergulhar em “vinha de alhos” (molho preparado com vinho branco,
algumas colheres de azeite, sal, pimenta e dentes de alho esmagados) esfregar o
galo e virar algumas vezes para melhor o envolver no molho, deixando-o em
repouso desde a véspera.
No dia de o consumir coloque
uma caçarola ao lume com azeite, banha de porco e cebolas às rodelas. Quando a
cebola estiver loura deite uma colher de sopa de manteiga (bem cheia), 2,5 dl de vinho branco e sal
q.b. Escorrer o Capão e esfregar novamente com o molho. Rechear com “farófia” e
um picado de “miúdos” e pedaços de salpicão e presunto. Colocar na assadeira de
preferência numa “pingadeira de barro” e levar ao forno, deixando assar
lentamente. Sem ferir a pele deve picar com um garfo cuidadosamente e de vez em
quando o capão e regar com o molho da assadeira. Saboreia-se dourado e com a
pele estaladiça.
Nota da autora do post:
Estes dados e a imagem encontrei-os na revista Tempo
Livre nº. 244 de Janeiro de 2013. Desejando
ler o artigo na íntegra p.f. clique aqui.
Por achar curiosa a lenda que, eventualmente, terá
dado origem aos capões é que resolvi trazê-la ao conhecimento dos nossos
leitores. Nunca será demais dar a conhecer os nossos usos e costumes e, também,
divulgar a excelente gastronomia
portuguesa.
Oxalá tenham gostado.
Bom apetite!
M.A.
ResponderEliminarO jantar de Natal da vizinha que mora ao meu lado, foi um capão. Nunca experimentei comer esse bicharoco, mas pela receita,deve ser de comer e chorar por mais.
Quica:
ResponderEliminarOra...perdeu uma boa oportunidade de ter ido bater à porta da vizinha e pedir-lhe uma fêvera desse capão. Já não lhe ficava a pena de nunca ter provado a carne o tal "bicharoco".
Gratas pela visita.