Em
1638 nasceu no Paço de Vila Viçosa D. Catarina de Bragança, filha de D João, 8º Duque de
Bragança, (mais tarde rei D. João IV de Portugal) e de sua mulher D Luísa de
Gusmão.
Para
D Catarina de Bragança existiram alguns projectos políticos de união
matrimonial, aliás como era uso na época, mas acabou por vir a casar, em 1692, com
Carlos II de Inglaterra, levando como dote as cidades de Bombaim e Tanger.
Reza
a história que ela foi muito pouco feliz em Londres, quer pelo facto de
como católica devota (razão pela qual nunca foi coroada) se sentir pouco tolerada numa corte
anglicana, de hábitos bastante mais livres do que os seus mas, também, muito especialmente pela contínua
e declarada infidelidade de seu marido, constantemente rodeado de uma vasta lista de amantes.
A
rainha sempre terá procurado “manter as aparências” daquele casamento, tolerando,
conforme lhe foi possível, aquele comportamento dissoluto do rei. Mas, acreditamos, que
na corte mais beneficiaria quem
estivesse nas boas graças do soberano, deste modo claro que, para a rainha, sobrou sempre bastante antipatia e
hostilidade. O facto de não ter dado nenhum herdeiro à coroa pesou também
desfavoravelmente neste contexto.
Diz-se,
que em final de vida, já doente, Carlos II se arrependeu e chegou até a
converter-se à fé católica…Minúcias da História que, pela parte que me cabe me
levam… a sorrir sem fazer qualquer comentário...
Depois
da morte dele em 1685 a rainha decidiu regressar a Portugal onde chegou em
1693. Ainda assumiu, em 1704 a regência do reino a pedido do seu irmão D. Pedro
II mas, foi apenas durante um ano, porque veio a morrer em
1705.
Conta-se
que a influência dela trouxe alguns novos costumes à corte inglesa:
_
O uso dos garfos e a loiça de porcelana na mesa; o conhecimento da laranja e a
compota da mesma; o ter proporcionado ali a audição
da 1ª ópera; o ter criado o hábito do «five o’clock tea», ou seja o chá das cinco, que
se mantém até aos dias de hoje.
Levou também consigo algum mobiliário de
qualidade, como por exemplo alguns contadores
indo-portugueses, até essa data desconhecidos em Inglaterra.
Já
agora, a propósito, não deixarei de vos
falar em duas peças usadas por esta rainha e, que agora podem ser vistas, na FUNDAÇÃO MEDEIROS
E ALMEIDA, em Lisboa:
_A
primeira é um espelho (1670) com moldura de tartaruga, sobre folha de ouro,
formando quadros com vários tecidos bordados a fio de ouro e seda, pedraria e aljófar.
As figuras laterais mostram o rei e a rainha. Segundo uma inscrição
manuscrita no verso do espelho, os bordados terão sido executados por
Mrs. Batson a qual aparece representada no rectângulo inferior.
_A
segunda é um relógio bastante original que terá feito parte do quarto da
rainha. É da mesma época do espelho e está assinado Eduardos East, Londini. A caixa é em
ébano, com alguns ornatos de bronze dourado. Tem porta de vidro com pintura e,
no mostrador, as horas aparecem em algarismos árabes e os quartos de hora em romanos. Depois ,
por baixo, há uma pequena candeia de
azeite que permitia que, mesmo durante a noite, as horas pudessem ser vistas.
Estas
duas fotos, bem como a informação escrita foram retiradas do catálogo editado
pela própria Fundação. Já aqui falamos desta casa-museu em 2007 e, de novo,
sugerimos que os leitores lá façam uma visita, certas estamos de que não
sairão dando por perdido o tempo ali passado.
M.A.
ResponderEliminarEsta rainha soube portar-se à altura do seu cargo, numa corte hostil e devassa.