Alguém amigo fez chegar às minhas mãos este
apontamento da autoria de José Manuel Fernandes. Para saber mais sobre este
jornalista só tereis que clicar aqui.
Quantas vezes, a brincar, se conseguem dizer coisas tão
sérias, como é o caso deste texto, uma das razões que mo fez escolher para publicar neste nosso blog. É cheio de bom humor nas propostas
que apresenta, faceta que cada vez mais escasseia nas pessoas, cujas vidas se tornam cada vez mais complicadas. Aproveitemos, pois, momentos destes para
desanuviar um pouco o espírito.
Pessoalmente, enfileiro ao lado dos que rejeitam o
novo acordo ortográfico, razão pela qual nunca aderi às modificações propostas e
mantenho as regras de escrita que tinha anteriormente. E a verdade é que conheço gente bem mais credenciada do que eu, nas letras, que segue propósito idêntico.
Ora leiam então:
A PROPÓSITO DO NÃO…
Tem-se falado muito do
Acordo Ortográfico e da necessidade de a língua evoluir no sentido da
simplificação, eliminando letras desnecessárias e
acompanhando a forma como as pessoas realmente falam .
Sempre combati o dito Acordo mas, pensando bem, até começo a pensar que este
peca por defeito. Acho que toda a escrita deveria ser repensada, tornando-a mais
moderna, mais simples, mais fácil de aprender pelos estrangeiros .
Comecemos pelas consoantes mudas: deviam ser todas eliminadas .
É um fato que não se pronunciam .
Se não se pronunciam, porque ão-de escrever-se ?
O que estão lá a fazer ?
Aliás, o qe estão lá a fazer ?
Defendo qe todas as letras qe não se pronunciam devem ser, pura e simplesmente,
eliminadas da escrita já qe não existem na oralidade .
Outra complicação decorre da leitura igual qe se faz de letras diferentes e das
leituras diferentes qe pode ter a mesma letra .
Porqe é qe "assunção" se escreve com "ç"
"ascensão" se escreve com "s" ?
Seria muito mais fácil para as nossas crianças atribuír um som único a cada
letra até porqe, quando aprendem o alfabeto, lhes atribuem um único nome.
Além disso, os teclados portugueses deixariam de ser diferentes se
eliminássemos liminarmente o "ç" .
Por isso, proponho qe o próximo acordo ortográfico elimine o "ç" e o
substitua por um simples "s" o qual passaria a ter um único som .
Como consequência, também os "ss" deixariam de ser nesesários já qe
um "s" se pasará a ler sempre e apenas "s" .
Esta é uma enorme simplificasão com amplas consequências
económicas,designadamente ao nível da redusão do número de carateres a uzar.
Claro, "uzar", é isso mesmo, se o "s" pasar a ter sempre o
som de "s" o som "z" pasará a ser sempre reprezentado por
um "z" .
Simples não é? se o som é "s", escreve-se sempre com s. Se o som é
"z" escreve-se sempre com "z" .
Quanto ao "c" (que se diz "cê" mas qe, na maior parte dos
casos, tem valor de "q") pode, com vantagem, ser substituído pelo
"q". Sou patriota e defendo a língua portugueza, não qonqordo qom a
introdusão de letras estrangeiras.
Nada de "k" .Ponha um q.
Não pensem qe me esqesi do som "ch" .
O som "ch" será reprezentado pela letra "x".
Alguém dix "csix" para dezinar o "x"? Ninguém, pois não ?
O "x" xama-se "xis".
Poix é iso mexmo qe fiqa .
Qomo podem ver, já eliminámox o "c", o "h", o "p"
e o "u" inúteix, a tripla leitura da letra "s" e também a
tripla leitura da letra "x" .
Reparem qomo, gradualmente, a exqrita se torna menox eqívoca, maix fluida, maix
qursiva, maix expontânea, maix simplex .
Não, não leiam "simpléqs", leiam simplex .
O som "qs" pasa a ser exqrito "qs" u qe é muito maix
qonforme à leitura natural .
No entanto, ax mudansax na ortografia podem ainda ir maix longe, melhorar
qonsideravelmente .
Vejamox o qaso do som "j" .
Umax vezex excrevemox exte som qom "j" outrax vezex qom
"g"- ixtu é lójiqu?
Para qê qomplicar ? ! ?
Se uzarmox sempre o "j" para o som "j" não presizamox do
"u" a segir à letra "g" poix exta terá, sempre, o som
"g" e nunqa o som "j" .
Serto ?
Maix uma letra mud a qe eliminamox .
É impresionante a quantidade de ambivalênsiax e de letras inuteix qe a língua
portugesa tem !
Uma língua qe tem pretensõex a ser a qinta língua maix falada do planeta, qomo
pode impôr-se qom tantax qompliqasõex ?
Qomo pode expalhar-se pelo mundo, qomo póde tornar-se realmente impurtante se
não aqompanha a evolusão natural da oralidade ?
Outro problema é o dox asentox.
Ox asentox só qompliqam !
Se qada vogal tiver sempre o mexmo som, ox asentox tornam-se dexnesesáriox .
A qextão a qoloqar é: á alternativa ?
Se não ouver alternativa, pasiênsia.
É o qazo da letra "a" .
Umax vezex lê-se "á", aberto, outrax vezex lê-se "â",
fexado .
Nada a fazer.
Max, em outrox qazos, á alternativax .
Vejamox o "o": umax vezex lê-se "ó", outrax lê-se
"u" e outrax, lê-se "ô" .
Seria tão maix fásil se aqabásemox qom isso !
qe é qe temux o "u" ?
Se u som "u" pasar a ser sempre reprezentado pela letra "u"
fiqa tudo tão maix fásil !
Pur seu lado, u "o" pasa a suar sempre "ó", tornandu até
dexnesesáriu u asentu.
Já nu qazu da letra "e", também pudemux fazer alguma qoiza : quandu
soa "é", abertu, pudemux usar u "e" .
U mexmu para u som "ê" .
Max quandu u "e" se lê "i", deverá ser subxtituídu pelu
"i" .
I naqelex qazux em qe u "e" se lê "â" deve ser subxtituidu
pelu "a" .
Sempre. Simplex i sem qompliqasõex .
Pudemux ainda melhurar maix alguma qoiza: eliminamux u "til"
subxtituindu, nus ditongux, "ão" pur "aum", "ães"
- ou melhor "ãix" - pur
"ainx" i "õix" pur "oinx" .
Ixtu até satixfax aqeles xatux purixtax da língua qe goxtaum tantu de
arqaíxmux.
Pensu qe ainda puderiamux prupor maix algumax melhuriax max parese-me qe exte
breve ezersísiu já e sufisiente para todux perseberem qomu a
simplifiqasaum i a aprosimasaum da ortografia à oralidade so pode trazer
vantajainx qompetitivax para a língua purtugeza i para a sua aixpansaum nu
mundu .
Será qe algum dia xegaremux a exta perfaisaum ?...
I porqe naum?...
José Manuel Fernandes
Espero que tenham gostado do texto. Até breve.
M.A
1 comentário:
O texto em porteguesum, tem piada,este jornalista é muito conhecido, principalmente por ter estado ligado ao jornal Público, foi entrevistado várias vezes na televisão e fez parte de de comentadores da vida politica.
Não aderi ao acordo ortográfico, por achar que é uma aberração. Se os ingleses, franceses, alemães e até a nossa vizinha Espanha defendem as suas línguas como jóias mais preciosas, nós vamos abdicar do que é nosso, só para para ter em conta os interesses comerciais com o Brasil? Este país já decidiu adiar por mais cinco anos este acordo. E nós? Continuamos de cócoras.
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