Caros leitores:
Uma inesperada e aborrecida avaria no meu
pc obrigou a uma pausa mais prolongada neste
convívio do blog.
Depois da inevitável visita
ao “sr. dr. da informática” que, graças
à amizade que existe entre nós, logo pegou no doente e encetou o tratamento, cá
tenho de novo em casa este precioso meio de comunicar convosco.
Claro que me pesava na
consciência não assinalar esta festiva quadra do Natal de forma semelhante à
dos outros anos mas, felizmente, tudo se conjugou no sentido de vos poder
trazer, hoje, à laia de compensação, não um… não dois…mas sim estes três bonitos
poemas de Natal, de autores portugueses.
A PALAVRA MAIS BELA
Fui ver ao dicionário de
sinónimos
A palavra mais bela sem
igual
Perfeita como a neve dos
Jerónimos...
E o dicionário disse-me
NATAL.
Perguntei aos poetas que releio:
Gabriela, Régio, Göethe,
Poe,
Quental, Lorca, Olegário...
e a resposta veio:
Christmas... Nöel...
Natividad... NATAL...
Interroguei o firmamento
todo!
Cobra, formiga, pássaro,
chacal!
O aço em chispa, o
"pipe-line", o lodo!
E a voz das coisas respondeu
NATAL.
Pedi ao vento e trouxe-me,
dispersos
-Riscos de luz, fragmentos
de papel-
Cânticos, sinos, lágrimas e
versos:
Um N, um A, um T, um A, um
L...
Perguntei a mim próprio e
fiquei mudo...
Qual a mais bela das
palavras, qual?
Para quê perguntar se tudo,
tudo,
Diz NATAL, diz NATAL, e diz
NATAL?!
Adolfo Simões Müller
O sonho do MeninoJesus
O menino nasceu de um sonho
tecido como um novelo
feito com os fios de luz
de uma estrela no cabelo.
O menino olhou em
volta
para ver mais adiante
e aquilo que encontrou
foi raro e deslumbrante.
Chamou a vaca e o
burro
para estarem junto de si
e eles obedeceram
não saindo mais dali.
Era um rei pequenino
de um reino apenas sonhado
e traçou o seu destino
num presépio acanhado
Mas ele, que nasceu livre,
em liberdade quis crescer,
seguido por gente boa
que com ele ia aprender.
E o seu
maior milagre,
o que tem maior valor,
foi ter mostrado ao Homem
a
força que há no amor.
José Jorge Letria,
O Livro do Natal
O Menino nasceu
Deixai-o estar sossegado
Na sua caminha de oiro
Com a mãe e o pai ao lado!
Vai-te embora rouxinol
P`ra longe desse loureiro,
Deixa dormir o Menino
Que está no sono primeiro!
Tu também, ó cotovia
Já são horas de parar!
Se não paras, o Menino
Não tarda, vai acordar!
E tu, ó melro atrevido,
Que te escondes no silvado.
Vem só cantar ao Menino
Quando estiver acordado!
O Menino dorme, dorme,
Naquele sono profundo...
Quando mais logo acordar
Vai sabê-lo todo o mundo!
Alexandre Parafita,
Histórias de Natal Contadas em Verso
A imagem de abertura é a
foto de um painel de azulejos (do retábulo Nossa Senhora da Vida – painel
central Natividade) existente no Museu
Nacional do Azulejo, atribuído a Marçal
de Matos e executado c. 1580.
Com votos de uma boa
Consoada e Feliz Natal para todos quantos nos leiam, aqui fica o nosso
agradecimento pela atenção dispensada ao longos doa anos já decorridos.
F.C / M.A.
1 comentário:
Não podia ser melhor, comemorar esta data com três lindos poemas.
Agradeço e retribuo as Boas Festas. Que o próximo Ano seja de esperança por dias melhores.
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