Como tudo começou

31/03/08



O PODER DA MÚSICA 31/3





Nasci, pode dizer-se a ouvir música: o piano do meu pai ou das suas alunas, o violoncelo da minha mãe. O instrumento que mais falava ao meu coração, à minha sensibilidade, era o violoncelo, quer por ser aquele cuja sonoridade mais se aproxima da voz humana, quer por ele me evocar minha Mãe que meu coração colocava à altura das estrelas…Música-Violoncelo-Mãe uma trilogia que sempre povoou a minha ama.

…Os meus irmãos mais velhos haviam frequentado o curso de piano no conservatório, mas, quando chegou a minha vez, o orçamento familiar não o permitiu. E eu, depois de uma breves lições dadas ainda por uma antiga aluna do meu Pai, com uma ajudas da minha irmã, fui estudando sozinho, embora tivesse tendência para tocar de ouvido, na minha ânsia de fazer música, na opção de a tocar e não de a compor.

É que eu tinha um sonho: Acompanhar minha Mãe, um dia, ainda que em peças fáceis, à semelhança do que acontecia com os meus irmãos mais velhos, a quem eu muito invejava tal sorte.

E isso aconteceu um dia, depois de algum tempo eu ter praticado, sozinho, o acompanhamento de duas peças relativamente fáceis mas que proporcionavam ao violoncelo uma grande musicalidade…

…E, quando me vi sentado ao piano, sozinho com a minha Mãe, a acompanhá-la, eu senti que estava a viver um dos mais belos, um dos mais comoventes momentos da minha vida. Não era apenas uma questão de amor de Mãe e Filho; era também e não menos, aquela comunhão espiritual que só a Arte, só a Música talvez, pode estabelecer, e pena sinto de quem nunca a experimentou…

…Aquele meu encontro com Ela através da música teve para ambos o valor de mil carinhos, de mil palavras de amor; era um vai-vem de afectividade à solta como um potro num prado.
Houve, depois, novos duos, Ela e eu, e sempre me senti, neles, envolto numa emoção profundíssima. Ficaram a constituir para mim sulcos jamais apagados fosse pelo que fosse, o decorrer do Tempo, da Vida, as peripécias sem conta, boas ou más dela.

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O que aqui vos deixei são excertos de um belíssimo original do meu querido Amigo R.F.L. Apenas por ser demasiado extenso para este blog é que o não publico integralmente, mas bem gostaria de o fazer
Mesmo já ultrapassadas as oitenta Primaveras, este Amigo mantém um espírito mais jovem que muita gente que conheço, nascida depois dele!
Como teremos no mês de Abril, nos dias 18, 19 e 20, a Festa da Música no C. C. B. achei que vinha mesmo a propósito dar-vos a conhecer este texto.

M.A.

3 comentários:

Anónimo disse...

Amélia textos destes, venham eles. Mesmo extensos lêm-se com grande prazer. Obrigada por no-los trazer.
Obrigada também ao F.Lopes

Gi disse...

Divida por vários dias até ao dia 18 de Abril ;)

Anónimo disse...

Tenho o privilégio de conhecer as vivências deste nosso amigo. São vários os livros que me tem oferecido. É sempre com grande prazer que os leio, são de uma grande simplicidade, mas mostram a boa alma de quem os escreve. Ao lê-los dou por mim a rir de alguns episódios descritos pelo autor. Outros (episódios) fazem-me reflectir, como o mundo seria diferente se houvesse mais pessoas com este sentir. Francisca

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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