Como tudo começou

28/04/11

Abril - águas mil....

A chuva que cai incessante
molha a calçada e o jardim
e eu vejo-a, tranquilamente
aqui deste varandim...

As nuvens correm cinzentas
não vejo o sol a brilhar
ainda assim, vila de Ponte
tu não paras de encantar!

fc




fotos minhas Ponte de Lima



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25/04/11

REVIVENDO HERMÍNIA SILVA E «MÃE SEVERA»




Leitores:

Trago-vos hoje o excerto de um quadro de revista onde a nossa grande artista Hermínia Silva interpreta, com muita graça e espírito de crítica, uma evocação do 25 de Abril. Faça, pois, um clique aqui e deixe-se reviver o ano de 1976 que foi, justamente, o ano em que subiu ao palco a “Mãe Severa”, de onde foi retirado este bocadinho de humor.


Pensamos que, neste blog, até agora, nunca havia sido falada esta grande vedeta do fado e do teatro, especialmente o de revista, e consideramos ser essa uma falta da nossa parte. Ela, infelizmente, já não pertence ao número dos vivos, como também algumas das personagens que menciona neste texto. Mas, pelas gravações feitas durante a longa carreira de Hermínia, podemos, ainda hoje, recordá-la e continuar a desfrutar do seu enorme talento.

Se pretender saber mais sobre a sua biografia apenas terá que clicar aqui, como habitualmente recomendamos.
Fiquem bem, leitores.
M.A.

22/04/11

FALANDO SOBRE A PÁSCOA





Como o saber não ocupa, lugar trazemos hoje alguns dados que explicam o que significa e, como é determinada a data referente à Páscoa e, também, a de algumas outras festas da Igreja.
A Páscoa é a festa anual dos judeus celebrada no 14º dia da primeira lua do seu ano religioso, em memória da saída deles do Egipto.
Festa da Igreja cristã, em memória da Ressurreição de Jesus Cristo.
A festa da Páscoa foi estabelecida pelos judeus em memória da passagem do mar Vermelho e também da passagem do anjo exterminador que na noite em que os judeus partiram do Egipto, matou todos os primogénitos dos egípcios, mas sem tocar na casa dos israelitas, marcadas com o sangue do cordeiro. Entre os cristãos, esta festa celebra-se em comemoração da Ressurreição de Jesus Cristo, isto é, da sua passagem da morte para a vida. A fixação da data para a festa da Páscoa não deixa de ser complicada. Desde o Concílio de Nicela e da reforma gregoriana, a Igreja católica celebra a festa da Páscoa no domingo após o 14º dia da Lua de Março, ou, por outra forma, no domingo depois da primeira lua cheia que se segue ao equinócio da Primavera e cai sempre entre os dias 21 de Março e 26 de Abril, podendo, pois, a festa desta época variar de trinta e seis dias.


Dela dependem todas as festas móveis.



A Septuagésima….63 dias antes da Páscoa
A Quinquagésima..49 » » » »
A Paixão………….... 14 » » » »
Os Ramos…………. 7 » » » »
Quasímodo………… 7 dias depois da Páscoa
A Ascensão……… 40 » » » »
O Pentecostes……..10 » » » Ascensão
A SSª. Trindade…….7 » » do Pentecostes
O Corpo de Deus...... na 5ª feira seguinte



O estabelecimento da festa da Páscoa remonta às origens do cristianismo. Depois do VI Concílio de Latrão (1215), foi ordenado a todos os cristãos em idade própria, comungar uma vez cada ano, na época da Páscoa. A festa da Páscoa dos gregos ortodoxos, umas vezes coincide com a dos latinos, outras vezes cai uma, duas ou três semanas depois.



Resta-nos agora deixar a todos os leitores os nossos desejos de que passem uma Páscoa Feliz e com muita saúde
(Elementos escritos pesquisados no Lello Universal. A foto de abertura é uma têmpera sobre madeira de Hans Multscher, datada de 1437. É, justamente, denominada «Ressurreição.»)
M.A.

19/04/11

SEM DÚVIDA AS MULHERES SÃO FORTES


Mulher

Tu

Que tens a força dos rios

A imensidão dos mares

Que te debruças

Nas varandas ondulantes

Da tua esperança.

Faz com que os teus dias

Sejam marés de mudança!

(Vóny Ferreira)


Este curto poema serve de apresentação ao vídeo de hoje. Belíssimas fotos obtidas nas cinco partes do Mundo, em que o tema é justamente a mulher, mostram-na presente em diversas circunstâncias de vida e fazem-nos acreditar que ela é, sem dúvida alguma, um ser bastante forte.



Espero que seja do vosso agrado.M.A.

17/04/11

DULCE PONTES – O AMOR A PORTUGAL


Hoje, o nosso post reúne vários talentos. Música e letra bonitas, uma óptima voz, boas fotografias e boa montagem destas. Enfim, um conjunto de predicados que nos leva a imaginar que os nossos leitores irão gostar dele.

Dulce Pontes é já um nome firmado em Portugal e no estrangeiro. A sua voz é uma das mais bonitas que conhecemos e, convidamos quem nos lê a clicar aqui, se desejar obter uma informação mais pormenorizada da sua carreira.

A música e os arranjos de orquestra pertencem a Ennio Morricone, um maestro italiano também já credenciado mundialmente. Do mesmo modo, clicando aqui pode aceder aos seus dados biográficos.



As fotografias de Dias dos Reis formatadas por Portojo levam-nos numa viagem maravilhosa por esta nossa terra e são o complemento perfeito de tudo quanto dissemos antes. Finalmente, leiam a letra da canção.

Nestes tempos de preocupação e incerteza que vivemos, talvez O Amor a Portugal desperte em todos nós um sentimento ainda mais especial.


O AMOR A PORTUGAL

O dia há de nascer

Rasgar a escuridão

Fazer o sonho amanhecer

Ao som da canção

E então:

O amor há-de vencer

A alma libertar

Mil fogos ardem sem se ver

Na luz do nosso olhar

Na luz do nosso olhar

Um dia há de se ouvir

O cântico final

Porque afinal falta cumprir

O amor a Portugal

O amor a Portugal


P.S.-. Na pesquisa feita, tudo que lemos nos levou a supor que esta letra seja da própria Dulce Pontes. Mas não encontramos nada que, no-lo diga com exactidão. Os nossos agradecimentos a F.R. que fez a conversão de pps para vídeo.

M.A.

15/04/11

MAIS TRÊS EXEMPLOS DE AMIZADE PURA.


Enquanto em nosso redor, entre a espécie dita humana, pululam inúmeros exemplos de oportunismo, de corrupção e de aproveitamento desbragado do semelhante, sabe bem pousar os olhos sobre este vídeo que vos trago hoje.




O reino dos chamados irracionais continua, felizmente, sem se deixar contaminar pelos maus exemplos do homem e continua, digamos assim, desinteressadamente, “estendendo a sua pata ao próximo que precisa de ajuda”.

Salientemos que, nestes três casos, a pata de alguns estendeu-se mesmo a outros que até são de outra raça, diferentes de si, o que ainda é mais para louvar. Quantas vezes, nos humanos, apenas isso já é o principal motivo de rejeição!

Na sua essência mais pura é o princípio da caridade cristã: - Ajudar, sem olhar a quem!

Que estas imagens sejam do vosso agrado.

(vídeo recebido num mail)

M.A.

13/04/11

A AVÓ E A SIMECQ

(Antiga Escola Primária da Simecq)



Nas nossas andanças por este blog, começadas em Julho de 2007, já algumas recordações se vão coleccionando. E, confessamos, que o balanço de tudo o que vai chegado até nós se considera positivo.

Umas vezes pelo comentário que nos é deixado no post, outras, por contacto directo através do nosso endereço electrónico, lá vamos auscultando o sentir de quem nos lê.

Em duas ocasiões, até já tivemos a presença de parentes de alguém aqui mencionado, que além de nos virem agradecer o facto, até nos relataram alguma particularidade mais das suas vidas…Tudo isto nos é grato.

Mas, esta introdução, é apenas para vos confessar que temos mais uma curiosa historia de vida que chegou recentemente!

É a de uma senhora, chamada Teresa a quem uma vez solicitada permissão para partilhar convosco o que nos contou , prontamente, acedeu.

Passemos a transcrever então o e-mail recebido no dia 24/02/2011 e que trazia por título – “A Avó e a Simecq”. (Decidimos dar o mesmo título ao post)


«Boa noite,

Foi com grande satisfação que aqui cheguei através do vosso Blogue Cultura na Simecq.


Entrei sem ser convidada e porque visitei um vídeo publicado no blogue de um amigo a propósito do Jardim Rafael Bordalo Pinheiro, que me transportou a este cantinho e me fez reviver o passado.

Fiquei contente em saber das actividades da SIMECQ e achei engraçado contar-vos esta história. Corria o ano de 1959, mais propriamente Fevereiro e os meus pais tinham decidido mudar-se de Campo de Ourique para o Dafundo.

O problema era a filha que frequentando a 3ª classe não seria a melhor altura do ano para transitar de escola com as agravantes de mudança de ambiente e de professora.

No entanto, a mudança foi uma realidade e a procura de nova Escola também.


Embora difícil, minha mãe contactou a Simecq na pessoa da então professora Srª. D. Cecília. Não eram permitidas entradas na altura até porque o número de alunos tinha já atingido a totalidade possível para esse ano. Mas depois de grande insistência por parte da minha mãe, a senhora resolveu pôr o assunto à Direcção e fazer uma avaliação de conhecimentos à eventual nova aluna.

A matéria era, ao tempo, mais diversificada e ia já mais adiantada do que eu estava habituada. Seria necessário um grande empenho para poder acompanhar o programa. A boa vontade da Direcção e da Professora traduziram-se no consentimento e eu só tive que corresponder; ao fim de algum tempo tudo estava em conformidade com as expectativas.

Com 9 anos conheci a Simecq que me ajudou a crescer e me deu à época os conhecimentos necessários para uma aprendizagem e uma óptima Instrução Primária.

Por todas as recordações que guardo na memória, por tudo o que vivi, não consegui hoje deixar de vos contar a minha passagem por essa casa que tanto me marcou e da qual guardo as mais gratas recordações.

Continuem em frente com o êxito habitual de ensinar e ajudar a preparar para a vida seres saudáveis e bons cidadãos.

Bem hajam!»


Então leitores que me dizem a estas palavras tão simpáticas de alguém que passados tantos anos, por um simples post que leu, ao que parece, copiado daquele que o Simecq Cultura publicou em 5/04/2010 (Reveja-o clicando aqui), sentiu despoletadas as suas memórias de infância, a ponto de decidir trazê-las até nós?

Mas tudo não ficou por aqui, sabem?

Da parte do blog, como a boa educação determina, houve uma resposta e, dias passados, estava esta nossa antiga aluna a assistir ao espectáculo de teatro que decorre, todos os sábados, no bonito salão nobre da Simecq!

Emocionada, segundo nos confessou por tudo que foi revivendo e, mais ainda, pelo facto de ter ali reencontrado uma antiga colega!

Está também já prevista uma visita guiada às instalações da Simecq que a nossa amiga Francisca faz questão de conduzir.

A data ficou apenas dependente da disponibilidade da Teresa.

Pela informação que a mesma nos deu, se entre quem nos lê alguém se recordar da “Teresa do Bairro de S. Mateus” identificará a pessoa de quem estivemos a falar.


E pronto leitores, cinquenta e dois anos depois, a Teresa esteve de volta à Simecq. Sinceramente desejamos que muitas mais visitas ela venha a fazer a esta Colectividade.
M.A.

11/04/11

DEFICIÊNCIAS, COMO AS VÊ MÁRIO QUINTANA

De quando em vez surgem perante os nossos olhos textos que prendem a nossa atenção…Foi o caso deste que, sem ser muito extenso é delicioso e define o pensamento de alguém quanto ao que para si são as chamadas deficiências.


Controversas algumas delas, talvez, mas aqui as deixamos ao critério dos leitores.


Quem as escreveu foi Mário Quintana, um poeta, tradutor e jornalista brasileiro, que nasceu em 30/07/1906 e faleceu em 05/05/1994. Para ficar a saber mais a seu respeito convidamos o leitor a clicar aqui.


DEFICIENTE é aquele que não consegue modificar a sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas, ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.


LOUCO é o que não procura ser feliz com o que possui.


CEGO é aquele que não vê o seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para os seus míseros problemas e pequenas dores.


SURDO é aquele que não tem tempo de ouvir o desabafo de um amigo ou o apelo de um irmão, pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir os seus tostões no fim do mês. MUDO é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.


PARALÍTICO é quem não consegue andar na direcção daqueles que precisam da sua ajuda. DIABÉTICO é quem não consegue ser doce.


ANÃO é quem não consegue deixar o amor crescer. E finalmente a pior de todas as deficiências é ser miserável, pois:


MISERÁVEIS são todos aqueles que não conseguem falar com Deus.


A Amizade é um amor que nunca morre.
P.S.- Como curiosidade, Mário Quintana assinou sempre o nome próprio sem o acento na letra A. Isto, porque como no registo de nascimento se esqueceram de o colocar, ele fez questão de assim o manter.

E já agora, antes da nossa despedida vamos deixar, também, uma pequenina amostra da poesia de Mário Quintana.


É um soneto de que gostamos particularmente:

AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for das vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios…


Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida – a verdadeira –
em que basta um momento de poesia
para dar a eternidade inteira.


Inteira, sim, porque esta vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual , uma porção.


E os anjos entreolham-se espantados
quando alguém – ao voltar a si da vida –
acaso lhes indaga que horas são
(Do livro “A Cor do Invisível”) Esperamos tenham gostado. Até breve leitores. Fiquem bem. M.A.

09/04/11

MESTRE ALENTEJANO


Qualquer de nós já deu conta da diversidade de termos que a nossa língua possui e de como de terra para terra eles variam de significado.


De Norte a Sul, quem estiver atento, logo se apercebe das diferenças que existem no falar das pessoas, não querendo nós, com isto, dizer serem melhores estas ou aqueloutras. Até a cadência dos sons, de uma conversa, sofre variações de lado para lado.


Desta vez, trazemos aos nossos leitores uma colecção cantada de termos muito curiosos, recolhida no Alentejo, que é uma das regiões portuguesas mais ricas no género.

As rimas são de João Vasconcelos e Sá. A música é a tradicional de um fado corrido. E quem canta é António Pinto Basto, uma das mais bonitas vozes portuguesas.


Esperamos que tenham gostado e dizemos a todos até breve.

(Video recebido num mail)

M.A.

08/04/11

Artshow - FIL - Lisboa - 7 a 10 de Abril - a não perder


Passe pelo Parque das Nações até Domingo dia 10, entre as 10 e as 20 horas, e dê uma olhadela nos trabalhos de cerca de 70 artistas que lá estão a apresentar pintura, escultura e arte decorativas.

Entrada gratuita

07/04/11

A GARRAFA


Leitores:


Não estamos aqui a pretender dar lições de civilidade a ninguém nem tampouco a apontar dedos recriminatórios. Queremos apenas que cada qual clique aqui para ter acesso a um curto, mas curioso vídeo.


Pensamos que no final de o verdes, terá sido quase certo que o vosso rosto se abriu num sorriso.


Acreditem que foi, justamente, o que aconteceu connosco! Palavras para quê?

Felicitamos quem teve imaginação para criar esta cena e bem gostaríamos de ter assistido a ela!

M.A.

05/04/11

PAPEL RECICLADO



Caros leitores:


Chegou-nos recentemente às mãos este vídeo com o título de «Papel Reciclado», embora nos pareça que inclui também aproveitamento de outros materiais, como sejam os tecidos. De qualquer maneira achamos que seria interessante mostrá-lo aqui pois, quem sabe, poderá sugerir a quem o veja algumas outras ideias, de como tornar material vulgar em algo artístico. Se tal acontecer e quiserem partilhar connosco uma foto daquilo que fizerem aqui mostraremos.





Já agora, vou contar-vos um episódio, bastante recente, e que até tem alguma relação com o assunto de que falamos hoje:


Para a representação teatral que decorre na Simecq, onde há um número musical com varinas, eram precisas algumas canastras e a verdade é que, hoje em dia, este não é um objecto que, num meio urbano, se encontre facilmente à venda.

Desafio colocado a duas amigas, logo das ideias e mãos de ambas, as tais canastras apareceram e, adivinhem, feitas de quê? De jornais, precisamente!

Elas figuram na foto que abre este post e foram obra da Francisca e da autora deste post. Complementadas com uma cobertura amarela, como era uso, antigamente, tapar o pescado, as ditas canastras lá desfilam, como se verdadeiras fossem, na cabeça das varinas que cantam e dançam.

Como tantas vezes o povo diz…A necessidade aguçou o engenho!

M.A.

03/04/11

ALÔ PORTO, UMA VEZ MAIS!

Agora que com a mudança de hora e a chegada da Primavera os dias vão ficando maiores e mais ensolarados , porque não voltarmos até à zona da Ribeira, no Porto? Temos a possibilidade de, ao clicar aqui, andar entre a Ponte D Luís I e a antiga estação da Alfandega.

Para os nossos leitores que ainda o não saibam, os diferentes sinais que aparecem na base da imagem permitem que, ao clicar neles se visualizem diferentes locais, à esquerda ou direita, mais acima ou mais abaixo e ainda, que se faça um zoom para espreitar melhor um ou outro pormenor desta zona tão bonita do Porto. Também podem escolher ver a foto no ecran inteiro.

Façam a experiência e divirtam-se com este passeio que, mesmo sem sair de casa, estas tecnologias nos permitem fazer!


P.S.-A foto que abre o post mostra a capela que existe, na Ribeira, mesmo junto à ponte D. Luís I. Não sabemos a que santo ou santa é dedicada. Se alguém o souber diga-nos por favor.

M.A.

01/04/11

AINDA O TEATRO NA SIMECQ





Conforme sabem, continuam a decorrer os festejos comemorativos do 130º. aniversário da SIMECQ e deles faz parte um espectáculo de teatro de que já falamos neste blog. Se acaso quiser recordar o que foi dito apenas terá que clicar aqui.


Nesse anterior apontamento tivemos ocasião de explicar que o espectáculo tem por tema a história da Simecq. Nele há momentos de muita música, dança e bom humor que despertaram gargalhadas e francos aplausos na sala. Mas, há igualmente momentos em que a historia daquele casa vai sendo descrita de um modo sério, com a chamada de nomes de muitos daqueles que fizeram com que esta colectividade ganhasse o prestígio que mantém ainda hoje. Por vezes, a emoção fez-se sentir, mostrando que, mesmo nos tempos presentes há uma memória que não está esquecida e, talvez que os aplausos que se ouviram nestes momentos fossem ainda mais fortes e prolongados.


Ora, um dos pontos marcantes, foi um poema já referido, por nós, no post anterior e que, providenciamos junto do seu autor, o Sr. Mário Salgado, no sentido de no-lo ceder para ser aqui publicado. Agradecemos-lhe o pronto envio do poema e a concordância na sua divulgação. Foi sua Mulher a Srª D. Maria Isabel Pina Salgado quem, magistralmente, lhe deu voz, naquele histórico salão nobre e, esperamos nós, continuará a fazê-lo nos restantes sábados das representações previstas.


Aqui deixamos portanto esse poema:


Um dia,

Naquele pequeno lugar,

Mas com gentes de alma grande,

Generosa e empreendedora.

Gentes do querer fazer,

Talvez menos do saber,

Mas muito do saber fazer.

Naquele pequeno lugar,

Cruz Quebrada de seu nome,

Lugar de tantas vicissitudes

Retiro de monges,

Pouso de realezas e poetas,

Veraneio privilegiado para alguns,

Local de vida dura para outros.

Dura, mas partilhada e solidária.

Assim, um dia,

Naquele pequeno lugar,

Nasceste mulher.

Pela mão de homens é certo.

Homens dispostos a tudo fazer por ti.

Fazer-te crescer,

Enobrecer-te.

Decididos a fazer de ti,

A flor,

A luz,

O alento das suas vidas.

Naquele pequeno lugar,

Serias o verde naquelas vidas cinzentas.

Curioso!

Nasceste mulher pela mão de homens.

Talvez ciosos.
Que não permitiam que outras mulheres te ajudassem a crescer
Nasceste mulher,

Para ser de todos,

E não seres de ninguém.

Um dia,

Naquele pequeno lugar,

Nasceste mulher.

Pela mão de homens.

Foste chamada de Sociedade.

Naquele Outono de 1880,

Curiosamente com o cair da folha,

Talvez para que na Primavera,

Pudesses florescer em força,

Trazendo as primeiras alegrias,

Às gentes daquele pequeno lugar.

Bem-haja o dia em que nasceste,

E os que decidiram criar-te

Sabes, 130 anos depois,

Atravessados três séculos,

Alguns, menos atentos,

Poderiam pensar que está velha,

Que estás esgotada,

Desfasada até da modernidade.

Pobres loucos que assim possam pensar.

Não te conhecem.

Talvez nunca te tenham sentido.

Talvez não saibam que,

Mesmo quando te magoam,

Tu perdoas e ficas mais forte.

Só os verdadeiramente fortes,

Podem ser magnânimos como tu.

E tu, foste, continuas a ser,

Uma mulher forte capaz de amar como mãe,

Como madrinha,

E algumas vezes apenas simples referência,

Mas sempre capaz de perdoar.

Foi com a musica que começaste,

A ser o Abrigo e o espaço de folia,

Dos que te tinham criado.

Mais tarde o ensino.

Para suportar o que o Pai Estado não foi capaz de fazer.

A Escola acabou por ser uma menina,

A menina dos teus olhos.

Podiam ter sido seis meses,

Podiam ter sido seis anos,

Mas foram seis décadas.

Quando mataram esta tua filha,

Choraste lágrimas de sangue e saudade.

Quantas gerações passaram pela tua vida,

Pelas tuas entranhas.

Quantos Homens e mulheres,

Cresceram no teu seio?

Quantas gentes deste ao mundo,

Mais capazes,

Mais autónomas.

Mas ficou uma ponta de vaidade.

O teu empenho e dedicação,

Granjearam-te duas grandes distinções.

Foste Cavaleiro da Ordem de benemerência,

Foste Instituição de Utilidade Publica pela mão do Presidente da Republica.

Mais tarde,

Foste também nome de Rua.

Uma gentileza do antigo regime.

Mas tu,

Apesar de agradecida,

Mantiveste a isenção que sempre te caracterizou,

Fiel ao espírito dos que te criaram.

Foste sempre fiel nos princípios,

Mas promíscua nos amores.

A música foi outra das tuas paixões.

Quase te babavas,

Quando, ouvindo a banda,

Que tinha nascido de um pequeno grupo,

Já fazia concertos no velho coreto.

Ha!

Como te agradavam aqueles homens simples,

De bigode farfalhudo,

Na sua farda garbosa,

Fazendo a delícia das gentes que os ouviam.

Também deste amor tiveste que dazer o luto.

Sinal dos tempos,

Parcos de meios?

Claro que sim!

Mas a modernidade,

Como alguns dizem,

Trouxe o desporto que não seria menos importante.

E mais uma vez,

Como mulher inteligente,

Não podias deixar que os teus filhos ficassem de fora.

A Laranjinha,

A natação no Rio,

O futebol ocasional,

Foram o dealbar da tua nova grande paixão.

O Basquetebol emergente.

Tu renasces sempre da adversidade,

Sempre foste uma lutadora.

Morre a Banda,

Nasce o Teatro.

O basquetebol torna-se a modalidade eleita.

Tu és assim!

Não morres, adaptas-te.

Por isso não ficas velha.

Tiveste filhos que te amaram!

Até a exaustão.

Tu sabes quem são,

Mas não fazes escolhas.

Entende-se!

Foram importantes em cada momento.

Seria injusto eleger algum.

A tua vida,

Como a de todos nós,

Está cheia de sucessos e insucessos.

Viveste vários lutos,

Mas muitos sucessos.

A escola morreu,

Uns Senhores cinzentos,

Acharam que solidariedade seria uma questão menor.

O teatro finou-se ainda que temporariamente.

Talvez porque as gerações mudam.

Apenas tu continuas porque és intemporal.

Mesmo nos momentos de luto,

Tiveste os teus júbilos,

Que viveste com a serenidade,

Da senhora centenária que és.

No desporto,

Foste Campeã Nacional,

Campeã Ibérica e até campeã Mundial.

Terás sido demasiado modesta?

Não!

Foste uma Mãe orgulhosa e comedida.

A mesma Mãe,

Que durante 40 anos,

Lutou por uma nova casa,

Capaz de realizar melhor os seus filhos,

De lhes proporcionar um crescimento mais equilibrado.

Aquela inauguração,

Deixou-te um brilho nos olhos.

Sabemos que sim!

Foi talvez o inicio,

Do teu ciclo mais dourado.

Aos 130 anos,

És uma mulher rejuvenescida.

Que maior elogio se te poderia fazer?

Mas é verdade!

A tua dimensão desportiva e cultural,

Nunca esteve tão alta.

Hoje,

Orgulhaste e envaideces-te,

Com o basquetebol,

Com as artes tradicionais,

Com a dança,

Com as artes marciais.

E como estás feliz,

Com o regresso da banda e do teatro.

Estás vaidosa,

Mas não por ti.

Vaidosa por servir aquele pequeno lugar que te viu nascer,

Por servir a tua Freguesia,

Por servir o teu Concelho e o teu Pais.

Quão orgulhosos se devem sentir os que um dia te criaram.

Por servires!

Por continuares,

Tanto tempo depois,

A servir Portugal.

Bem hajas SIMECQ.


Esperamos tenham gostado. M.A.
Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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