Como tudo começou

27/02/10

AFONSO LOPES VIEIRA - «POIS BEM !»


Pela primeira vez trazemos aqui ao blog um poema de Afonso Lopes Vieira. Um clique sobre este nome, se acaso estiver em dúvida sobre quem foi este ilustre português e terá acesso à sua biografia.
Quanto ao poema, escolhido entre muitos da sua tão vasta obra literária, achamos ser interessante já que nele, o seu autor, numa rima impecável, dá-nos muitas e boas razões para nós, portugueses, sentirmos orgulho daquilo que outros povos poderão ter aprendido connosco. Faz parte do livro “Nova Demanda do Graal” editado em 1947
.
Leiam-no pois, com atenção e reparem nas várias alusões à nossa história que encontramos nestas estrofes Será uma leitura que, elevará também a nossa auto estima o que é, igualmente agradável e desejável.
M.A.

POIS BEM !

Se um inglês ao passar me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: - Pois bem!
se tens agora o mar e a tua esquadra ingente,
fui eu que te ensinei a nadar, simplesmente.
Se nas Índias flutua essa bandeira inglesa,
fui eu que t'as cedi num dote de princesa.
E para te ensinar a ser correcto já,
coloquei-te na mão a xícara de chá.

E se for um francês que me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: - Pois bem!
Recorda-te que eu tenho esta vaidade imensa
de ter sido cigarra antes da da Provença.
Rabelais, o teu génio, aluno eu o ensinei
Antes de Montgolfier, um século! voei
E do teu Imperador as águias vitoriosas
fui eu que as depenei primeiro, e ás gloriosas
o Encoberto as levou, enxotando-as no ar,
por essa Espanha acima, até casa a coxear

E se um Yankee for que me olhar com desdém,
Num sorriso de dó eu pensarei: - Pois bem!
Quando um dia arribei á orla da floresta,
Wilson estava nu e de penas na testa.
Olhava para mim o vermelho doutor,
- eu era então o João Fernandes Labrador...
E o rumo que seguiste a caminho da guerra
Fui eu que to marquei, descobrindo a tua terra..

Se for um Alemão que me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: -Pois bem!
Eras ainda a horda e eu orgulho divino,
Tinha em veias azuis gentil sangue latino.
Siguefredo esse herói, afinal é um tenor...
Siguefredos hei mil, mas de real valor.
Os meus deuses do mar, que Valhala de Glória!
Os Nibelungos meus estão vivos na História.

Se for um Japonês que me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: -Pois bem!
Vê no museu Guimet um painel que lá brilha!
Sou eu que num baixel levo a Europa á tua ilha!
Fui eu que te ensinei a dar tiros, ó raça
belicosa do mundo e do futuro ameaça.
Fernão Mendes Zeimoto e outros da minha guarda
foram-te pôr ao ombro a primeira espingarda.

Enfim, sob o desdém dos olhares, olho os céus;
Vejo no firmamento as estrelas de Deus,
e penso que não são oceanos, continentes,
as pérolas em monte e os diamantes ardentes,
que em meu orgulho calmo e enorme estão fulgindo:
- São estrelas no céu que o meu olhar, subindo,
extasiado fixou pela primeira vez...
Estrelas coroai meu sonho Português !

P.S.
A um Espanhol, claro está, nunca direi: - Pois bem !
Não concebo sequer que me olhe com desdém.
Afonso Lopes Vieira

26/02/10

Madeira- Todas as ajudas são precisas

CTT RECOLHEM BENS ESSENCIAIS PARA A MADEIRA

Campanha de recolha de bens essenciais para envio para a Madeira

A partir do dia 23/ Fevereiro, os CTT lançaram uma campanha nacional de recolha de bens essenciais para envio para a Madeira, no âmbito do seu Programa de Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social, com aceitação em todas as 900 Estações de Correio do País.

Basta a qualquer pessoa dirigir-se a uma Estação de Correios, pedir a caixa solidária grátis, enchê-la com os bens e marcar como destinatário a palavra MADEIRA.

Não é preciso selo nem mais morada e o envio é grátis. Os CTT tratam de entregar os bens.

As Instituições destinatárias serão a Caritas da Madeira e a Associação Protectora dos Pobres do Funchal, que já informaram estarem a precisar principalmente dos seguintes produtos/bens

  • - Lençóis
  • - Cobertores
  • - Mantas
  • - Almofadas
  • - Roupa interior (H/ S e criança)
  • - Roupa em geral
  • - Produtos de higiene
  • - Fraldas
  • - Leite em pó
  • - Comida para bebé
  • - Enlatados

23/02/10

Joaninha

Acrilico sobre tela
pintada pela nossa jovem artista Catarina Sousa

As joaninhas devoram anualmente milhões de pulgões nos jardins. As suas reluzentes pintas pretas advertem um sabor amargo e afugentam possíveis predadores, mas o pulgão não se apercebe da sua aproximação!

As joaninhas fazem parte da ordem dos coleópteros (escaravelhos), a maior de todas as ordens de insectos, com mais de 300 mil espécies conhecidas. Nos climas mais temperados, há menos espécies, mas reproduzem-se em maior quantidade. Nos trópicos, passa-se o contrário: há mais espécies, mas menos indivíduos.

Embora os escaravelhos sejam na sua maioria castanhos escuros ou pretos, alguns têm uma cor viva, como as joaninhas, ou tons metálicos de vermelho, verde, azul e dourado.

Asas: Asas inferiores (para voar) ocultas por asas superiores, vermelhas com pintas (élitros).

Pintas: estas têm sete pintas; outras poderão ter mais ou menos.

Cor: o preto, o amarelo e o vermelho são cores de aviso em todos os insectos.

Comida: tanto as larvas como os adultos caçam pulgões e outros insectos.

Ovos: um só insecto pode pôr mais de mil ovos em cada estação.

Patas: 6 (3 pares), por serem insectos.

Ajudantes: algumas espécies de joaninhas são compradas por agricultores para controlar outras espécies de que se alimentam que são prejudiciais às culturas do homem.

Início do século XIX: as joaninhas salvaram a produção de laranjas da Califórnia ao comer os insectos que destroem a fruta.

Frio de gelar: as joaninhas hibernam em grandes aglomerados, amontoando-se para se proteger contra o frio.

Mitos e lendas I: A joaninha também é conhecida por boas-novas ou em brasileiro por vaquinha. Em inglês, chamam-se ladybirds (Dona Ave), ladybugs (Dona Insecto), ladycows (Dona Vaca), e beetles of Our Lady (escaravelhos da Nossa Senhora) devido à crença de que foram dedicadas à Virgem Maria.

Mitos e lendas II: as joaninhas dão sorte.

Mitos e lendas III: quando se encontra uma joaninha existe o hábito popular de a segurar nos dedos e dizer “Joaninha Voa Voa vai ter com o teu pai que está em Lisboa...”, com o significado de levar boas novas. A versão inglesa diz: Joaninha vai-te embora / Tens a casa a arder/ E os teus filhos a morrer e refere-se à antiga prática de queimar as hastes do lúpulo após as colheitas, hastes essas que serviam de casa a milhões de joaninhas.

Saiba mais sobre joaninhas aqui

21/02/10

A ARTE DE SABER FAZER - DO PALÁCIO ÀS OFICINAS

1

Assim se chama a exposição que poderá ver, no Centro Cultural do Palácio do Egipto, em Oeiras, até ao dia 31 de Março. Ali se faz um pouco da história da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva e das actividades desenvolvidas nas suas oficinas de conservação e restauro. Para quem ainda desconheça a elevada importância que hoje tem esta Fundação e, também, queira saber como ir até esta exposição, poderá colher mais informação clicando aqui.
Gostamos do que vimos e só discordamos da projecção de slides que, feita numa sala com aquela luminosidade, não permite realmente que se visualize alguma coisa capazmente.
Para vos despertar o apetite, leitores, deixamos algumas fotos feitas durante a nossa visita:
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1- Mesa de jogo em pau santo com embutidos de várias outras madeiras exóticas e marfim. Esta seria destinada ao jogo de “gamão” pelos recortes arredondados que se notam em dois dos lados do tampo. A concha central, em talha destinava-se ao copo com os dados.

2-Serra de recortes, (também chamada, na minha zona, “tico-tico”). Nela se usa a chamada “serra de cabelo”, dada a fina espessura da mesma.

3-Varios recortes efectuados na máquina anterior

4-Banco de marceneiro e, sobre este uma peça em talha. Vê-se também um desenho para um trabalho entalhado.

5-Ferramentas de marceneiro (uma garlopa e duas plainas)

6-Cinzelagem.Uma peça está colada com pez quente na “bouça”. Ali será trabalhada com os diferentes cinzéis e martelo, que estão ao lado.

7-Encadernação e decoração gravada com folha de ouro. Sobre a folha dourada e um mordente adequado, usam-se, depois, aquecidas, as várias ferramentas que se vêem na foto.

Claro que isto é só uma amostra do muito mais que ali vai poder encontrar.
M.A.

19/02/10

BULES, UMA VEZ MAIS


Leitores:
Em 13 de Julho de 2008 falamos, neste blog, de bules e de alguém que faz deles coleccção. Se quiser recordar o que então se disse pode fazê-lo clicando aqui.
Hoje retomamos o tema para vos mostrar um vídeo, recebido num mail, onde a criatividade, no fabrico dos bules, nos parece ter sido levada ao extremo.

Pensamos que será difícil ter imaginação e sentido de humor, para ir mais longe do que isto. São peças verdadeiramente espantosas que fariam a delícia de qualquer coleccionador. Temos pena que não fossem incluidos alguns dados sobre os exemplares mostrados.
Oxalá gostem, pelo menos, tanto como nós gostamos
M.A.


17/02/10

ANTONIO LOBO ANTUNES – Sátira aos homens quando com gripe

Com este abaixamento de temperatura, estamos bastante preocupadas com as constipações e gripes que possam surgir por aí. Tanto mais que, cá por estas bandas, nos desfiles de Carnaval há sempre quem goste de reduzir as peças de vestuário imitando o que se passa noutras latitudes de clima mais ameno e, depois, sofra as consequências do frio que apanhou.
Ora, o que trazemos hoje é um poema que retrata, com bastante humor, precisamente um homem quando está (ou pensa que está!) com gripe:

Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre,olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
Anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.

Esperamos que tenham sorrido um pouco com esta rima tão inspirada de António Lobo Antunes. M.A.

15/02/10

Ai que frio....

Parece que hoje podemos ficar cá no nosso Portugal com a paisagem semelhanteas a esta da Suiça....


foto minha

14/02/10

DIA DOS NAMORADOS - 14 DE FEVEREIRO


A nossa repórter em serviço encontrou, algures, este parzinho assim ternurento. Microfone a jeito captou o diálogo que se trocou entre os dois, sendo que, a iniciativa… foi dela, como se pode depreender pela imagem!
Vamos continuar atentas pois, se isto vier a dar em casamento, a repórter lá estará de novo para vos trazer a notícia em primeira mão!

_Decidi roubar-te um beijo,
Quando estavas a meu lado,
Como forma de pedir-te
Para seres meu namorado.

_Eu já tinha reparado
Que tu olhavas p’ra mim
Com olhinhos de veludo
Portanto…digo que sim!

Com tanto amor pelo ar
Eu e tu, de braço dado,
Passaremos este dia
Bem juntinhos, lado a lado.

Se o teu coração é meu
Logo o meu, de ti será.
Tão sincero é o nosso amor
Que jamais se acabará!

…E É COM ESTA BRINCADEIRA EM RIMA QUE DESEJAMOS UM FELIZ DIA DE NAMORADOS PARA TODOS VÓS!...
f.c. / M.A

13/02/10

NOTAS DE PORTUGAL



«O dinheiro é o meio usado na troca de bens, na forma de moedas ou notas (cédulas), usado na compra de bens, serviços, força de trabalho, divisas estrangeiras ou nas demais transações financeiras, emitido e controlado pelo governo de cada país, que é o único que tem essa atribuição…»

Assim começa a explicação que a Wikipédia nos dá sobre o que é o Dinheiro. Se desejar, clique aqui, para ter acesso à restante informação que lá aparece.
Hoje, apenas fomos buscar este tema para introduzir um curioso vídeo, que nos chegou por e-mail e que nos mostra antigas notas de Portugal.
Espero que seja interessante para os leitores conhecer as mais antigas e, naturalmente, relembrar as mais recentes.


O fundo musical é, quanto a nós, uma das mais bonitas composições que nos deixou o saudoso Carlos Paredes, aqui interpretada por Ricardo Silva
M.A.


10/02/10

PORTO – CASA DA RUA DE S.MIGUEL Nº. 4

(Clique para ampliar)



Não é a primeira vez que vos confessamos a nossa paixão pelo Porto.

Gostamos sobretudo de andar a pé, pelas zonas mais antigas, por ruas e vielas de calçada irregular, surpreendendo-nos aqui e além com os pormenores que vamos descobrimos.
Desta vez, subimos os Clérigos, seguindo depois pela Rua de Trás, para o Morro do Olival e, num instante estávamos na Rua de S. Bento da Vitória. Esta zona foi já também chamada de Judiaria Nova por aí terem sido instaladas as famílias judaicas, no tempo de D. João I.
Era nossa intenção visitar o antigo Mosteiro de S. Bento da Vitória, hoje transformado num centro cultural, mas tal não foi possível nesse dia. Seguimos portanto rua abaixo, fazendo apenas uma curta, paragem para fotografar uma residente que, debruçada na varanda florida da sua casa, conversava para a rua.

Reparem que há também gaiolas com pássaros, nas janelas, apanhando o sol matinal!
Retomando o percurso acabamos por nos deter na esquina que, à direita, contorna para a Rua de S. Miguel. Uma placa assinalava algo, logo na casa com o nº 4. Pois é…leitores, naquela fachada velhinha estão colocados vários painéis de azulejos que se diz terem vindo da sala do capítulo do próprio Mosteiro de S. Bento da Vitória.
São justamente esses azulejos que hoje aqui vos mostramos.



Depois, ainda fomos até ao fim da Rua de S. Bento da Vitória, que termina à esquerda com a Igreja de Nossa Senhora da Vitória e desemboca num pequeno largo, sobranceiro ao Douro.
Ladeando a Igreja fica a Rua da Bateria (ou Bataria) da Vitória. Mas, para falar deste local e de um episódio histórico com ele relacionado , viremos noutra altura.
(Fotos da autora do post)
M.A.

09/02/10

SOLUÇÃO DO QUEBRA CABEÇAS “O CARUNCHO DOS LIVROS”

Aqui estamos para dar resposta à pergunta que fizemos neste post uns dias atrás: _ Quantas folhas e quantas capas terá o caruncho roído nos dois volumes?
Uma vez que os tomos estavam colocados na ordem I e II, o dito bichinho apenas roeu a primeira folha e a primeira capa do livro I e, em seguida, a última capa e a última folha do livro II. Pelas outras o bicharoco não passou. Portanto, a resposta será: _ Duas folhas e duas capas.
Ninguém acertou na resposta mas… possivelmente, melhor sorte terão na próxima adivinha!
Até breve leitores.
M.A.

07/02/10

A pereira - Solução

A propósito deste post, aqui fica a solução.....


A pereira tinha duas peras
Co
meram uma
deixaram a outra.

05/02/10

AEROPORTO DE LISBOA NOS ANOS 50


Trazemos, desta vez um vídeo que, pensamos, irá fazer sorrir quase todos quantos o vejam. Uns, porque, pela idade que contam, se lembrarão destas imagens e sentirão despertar alguma saudade. Outros, porque sendo mais novos, fazem de imediato, a comparação com a Lisboa dos dias de hoje e constatam como é grande a diferença; quem sabe até achando engraçado que algum dia assim tivesse sido!

Deliciem-se pois leitores com mais esta velharia tirada do baú.
M.A.
(Recebido num mail)


03/02/10

O CARUNCHO DOS LIVROS (QUEBRA CABEÇAS)



Eu tenho na minha estante esta obra, "Guerra Junqueiro", composta por 2 volumes colocados pela ordem habitual, isto é I e II. Cada livro tem 225 folhas, o que corresponde a 450 páginas
A encadernação destes livros é feita em percalina cinzenta com letras em dourado mate.
É uma obra já com alguns anos e, como toda a gente sabe, há uns determinados bichinhos que gostam de roer o papel antigo.
Ora, para minha arrelia, descobri que um desses pequeninos roedores se meteu na estante e entrando a roer o papel da primeira folha, do primeiro volume, lá foi, cheio de apetite, construindo um túnel, até acabar roendo a última folha do segundo volume. Foi só nesta altura que eu dei conta e apanhei o tratante. Nem vos digo o que lhe fiz para que a Sociedade Protectora dos Animais não me venha pedir contas!…
Agora que desabafei com os leitores sobre o percalço que me aconteceu, respondam-me então:
_Ao todo, quantas folhas e quantas capas dos livros roeu o safado do tal bicharoco?
(Para não complicar, não estamos a contar com aquelas folhas que se denominam “guardas” e que ficam junto às capas). Está feito o desafio. Até breve.

M.A.

01/02/10

SENTENÇA INUSITADA DE UM JUÍZ, POETA E REALISTA


O Juiz Ronaldo Tovanini, de 31 anos, substituto da Comarca de Varginha, ex promotor de Justiça, Minas Gerais (Carmo de Cachoeira), concedeu liberdade provisória a um sujeito, preso em flagrante, por ter furtado duas galinhas e ter perguntado ao delegado «desde quando furto é crime neste Brasil de bandidos?»

O magistrado lavrou então a sua sentença em verso:

No dia cinco de Outubro
Do ano ainda fluente
Em Carmo da Cachoeira
Terra de boa gente
Ocorreu um facto inédito
Que me deixou descontente.

O jovem Alceu da Costa
Conhecido por "Rolinha"
Aproveitando a madrugada
Resolveu sair da linha
Subtraindo de outrem
Duas saborosas galinhas.

Apanhando um saco plástico
Que ali mesmo encontrou
O agente muito esperto
Escondeu o que furtou
Deixando o local do crime
Da maneira como entrou.

O senhor Gabriel Osório
Homem de muito tacto
Notando que havia sido
A vítima do grave acto
Procurou a autoridade
Para relatar-lhe o facto.

Ante a notícia do crime
A polícia diligente
Tomou as dores de Osório
E formou seu contingente
Um cabo e dois soldados
E quem sabe até um tenente.

Assim é que o aparato
Da Polícia Militar
Atendendo a ordem expressa
Do Delegado titular
Não pensou em outra coisa
Senão em capturar.

E depois de algum trabalho
O larápio foi encontrado
Num bar foi capturado
Não esboçou reacção
Sendo conduzido então
À frente do Delegado.

Perguntado pelo furto
Que havia cometido
Respondeu Alceu da Costa
Bastante extrovertido
Desde quando furto é crime
Neste Brasil de bandidos?

Ante tão forte argumento
Calou-se o delegado
Mas por dever do seu cargo
O flagrante foi lavrado
Recolhendo à cadeia
Aquele pobre coitado.

E hoje passado um mês
De ocorrida a prisão
Chega-me às mãos o inquérito
Que me parte o coração
Solto ou deixo preso
Esse mísero ladrão?

Soltá-lo é decisão
Que a nossa lei refuta
Pois todos sabem que a lei
É p’ra pobre, preto e p…
Por isso peço a Deus
Que norteie minha conduta.

É muito justa a lição
Do pai destas Alterosas.
Não deve ficar na prisão
Quem furtou duas penosas,
Se lá também não estão presos
Pessoas bem mais charmosas.

Afinal não é tão grave
Aquilo que Alceu fez
Pois nunca foi do governo
Nem sequestrou o Martinez
E muito menos do gás
Participou alguma vez.

Desta forma é que concedo
A esse homem da simplória
Com base no CPP
Liberdade provisória
Para que volte para casa
E passe a viver na glória.

Se virar homem honesto
E sair dessa sua trilha
Permaneça em Cachoeira
Ao lado de sua família
Devendo, se ao contrário,
Mudar-se para Brasília!!!

………………………………………………………….

Sem comentários, leitores!

(Recebido num e-mail. )
M.A
Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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