Como tudo começou

06/04/08

CONVIDO A CONHECER:

A CUSTÓDIA DE BELÉM

A Custódia de Belém é uma das nossas peças de ourivesaria sacra de que, ao longo dos anos, mais se tem falado. Vem do tempo opulento das descobertas,(1506) quando o ouro nos chegava aos mesmo tempo que os feitos gloriosos dos nossos heróicos navegadores. Estou a falar, claro, do reinado de D.Manuel I.
Ninguém poderá ficar indiferente ao deparar, numa das vitrines do nosso Museu Nacional de Arte Antiga com esta rendada maravilha saída de mãos de artífices portugueses. Decorrido o momento inicial da visão da Custódia no seu conjunto, o nosso olhar desce para, no friso inferior dela, ler, em letras esmaltadas a branco:
O.MUITO.ALTO.PRINCIPE.E.PODEROSO.SENHOR.REI.DÕ.MANUELI.MDOV.FAZER.DO.OURO.DAS.PRAIAS.DE.QUILVA.AQVABOV.E.CCCCC.VI.
As seis esferas armilares , colocadas à volta do pé, além da inscrição, situam-na no tempo e, as aves e flores também esmaltadas, mostram já a superabundância de detalhes do estilo manuelino.

Na cúpula vê-se S. Pedro abençoando, entre uma série de colunas góticas filigranadas. Mas já o nosso olhar se encanta agora com as figuras dos apóstolos ajoelhados junto do hostiário. O esmalte dos rostos, tem um colorido que resistiu aos séculos e as fisionomias da cada um, todas diferentes entre si, são de uma minúcia que impressiona. Reparemos agora nos corpos e vestes, igualmente de uma grande perfeição.
Toda a peça em si é de um equilíbrio tão perfeito e de um rendilhado tão minucioso que nos convida a não desprender dela os nossos olhos nunca mais.
O Rei guardou-a sempre consigo e, no seu testamento, fez saber nestes termos o destino a dar-lhe:

“Item mando que se dê ao mosteiro de Nossa Senhora de Belém a custódia que fez Gil Vicente para a dita casa e a cruz grande que está no meu thesouro, que fez o dito Gil Vicente.
Subsistem dúvidas se este nome se refere ao que foi também criador de vários autos teatrais conhecidos, se a um seu tio, com o mesmo nome, ourives em Guimarães.

Em linhas gerais aqui lhes trouxe a descrição de uma das mais emblemáticas peças da ourivesaria sacra portuguesa.

M.A.

2 comentários:

Isabel Magalhães disse...

M.A.

Interessante post.

Grata pela partilha e Parabéns pelo 'passo em frente'! :)

M.A.R. disse...

Obrigada Isabel.
O elogio de uma expert tem importância a dobrar. Achei que falar desta peça do nosso património artístico seria mesmo uma obrigação.Volte sempre.

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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