JOÃO BAPTISTA COELHO
Estive há tempos a assistir a uma tarde de poesia que foi para mim o encontro com a obra deste poeta, morador em S. Domingos de Rana. Gostei bastante do que ouvi e procurei, a seguir, descobrir mais poemas seus. É largamente galardoado em concursos no pais e estrangeiro e, em 29 de Setº de 2005, o balanço totalizava 38 prémios obtidos. Na mesma altura contava já 19 anos de vida literária com um total de 937 galardões dos quais 216 absolutos e cimeiros.
Motivos mais que suficientes para, hoje, vos trazer umas quadras suas, muito simples mas cheias de sentido poético.
RECEITA
Quinhentos gramas de dor;
Quinhentos gramas de mal;
Quinhentos gramas de amor;
E raiva serve de sal.
Quatro colheres de tortura;
Outras tantas de tormento;
Leva uma de ternura
A simular o fermento.
Muita raspa de vaidade;
Um bocado de traição,
A que se junta maldade
Que nos possa encher a mão.
Um pedacinho de medo
Que dá cor e o contraste;
De bondade, leva um dedo;
De alegria, quanto baste.
De trabalho, quanto valhas;
De prantos, mil, para o molho;
De desgraça, ponha “ao calhas”;
E de sorte, ponha “a olho”.
Meio litro de desgosto;
Um quilo de coisas más;
E, no fim, a dar o gosto,
Uma pitada de paz.
Mexa a massa bem mexida;
Leve ao forno muito quente.
E eis o bolo da vida
Que a vida nos serve à gente.
M.A.
3 comentários:
Fátima, minha querida!
Pois não li recentemente poema/receita mais realista do que este.
Li e reli. As vezes que me apeteceu. E nessa amálgama de emoções, sentimentos, misturas e sabores é que está a qualidade de vida que todos deveriamos desejar para enfrentar todo um dia-a-dia. A alma agradece!
Gostei muito. Obrigada por ter partilhado!
Desejo-lhe um bom fim-de-semana! Muito bom mesmo! :)
Lisa
Lisa obrigada pelo comentário, mas eu reencaminho o elogio direitinho para a M.A.- a nossa querida Amélia, que nos proporciona sempre posts fantásticos.
Obrigada pelas visitas e pelos comentários saborosos
muito bom!
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