Como tudo começou

20/05/08

Literatura de cordel

Imagem de João Pinto Vieira Costa

Literatura de cordel - poesia popular impressa em folhetos e vendida em feiras ou praças -, tal como é cultivada no Brasil até hoje (vésperas do Terceiro Milénio), teve origem em Portugal, onde por volta do séc. XVII se popularizaram as folhas volantes (ou folhas soltas) que eram vendidas por cegos nas feiras, ruas, praças ou em romarias, presas a um cordel ou barbante, para facilitar a sua exposição aos interessados. Nessas folhas volantes, de impressão rudimentar, registavam-se factos históricos, poesia, cenas de teatro (como o de Gil Vicente), anedotas ou novelas tradicionais, como A Imperatriz Porcina, Princesa Magalona ou Carlos Magno, textos que eram memorizados e cantados pelos cegos que os vendiam. Essas folhas volantes lusitanas, por sua vez, tiveram origem no grande caudal da Literatura Oral, tal como se arraigou na Península Ibérica, onde se formou o velho Romanceiro peninsular. Desta fonte primeva, sairam inicialmente os pliegos volantes que circularam na Espanha desde fins do séc. XVI e, destes, as folhas volantes portuguesas. Ambas as formas tiveram, como antecessora, a littérature de colportage, pequenos libretos surgidos na França no início do séc. XVI, com popularização da imprensa. Eram folhetos impressos em papel de baixa qualidade, em cor cinza ou azul (daí o nome genérico de “Biblioteca Azul”). Os seus textos eram velhos romances, cantigas, vidas edificantes, factos históricos ... recolhidos da tradição oral e bastante simplificados na sua redacção.

Difundidos por toda a Europa, essa forma popular de literatura, chamada “cordel”, foi transportada para o continente Americano pela acção de seus descobridores Espanhóis e Portugueses, à medida em que se instalavam nas terras por eles conquistadas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito legal encontrar posts sobre Literatura de Cordel na blogsfera! Seria bom você acrescentar mais um post, falando da difusão do cordel pelo Brasil, especialmente no Nordeste, e, atualmente, da grande projeção que essa manifestação artística está tendo na educação de crianças e adultos. Hoje, algumas editoras já lançam livros de cordel ilustrados, voltados para o publico infantil, e muitos são adotados pelas escolas, como, por exemplo A RAPOSA E O CANCÃO, de Arievaldo Viana, incluído no Plano Nacional de Educação pelo Ministério da Educação e Cultura. Clássicos da literatura brasileira e estrangeira também têm sido adaptados para o cordel, com ótimos resultados.

Anónimo disse...

A esta distância isto traz um certo sorriso,mas a verdade á que eu aínda me lembro destes folhetos cantados pelos cegos ou não, no mercado da minha terra. À roda juntava-se gente que, quantas vezes, até se comovia com algumas daquelas histórias de faca e alguidar.

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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