Quem por mar aceda pela primeira vez à nossa capital é surpreendido, já à entrada de Lisboa, por uma construção, visível à sua esquerda que, por certo o encantará. Refiro-me à bonita “Torre de S. Vicente de Belém”, mais vulgarmente conhecida por “Torre de Belém”.
Também já foi designada por “Baluarte de S.Vicente a Par de Belém” e “Baluarte do Restelo”, no Sec XVI, aquando da sua edificação.
Também já foi designada por “Baluarte de S.Vicente a Par de Belém” e “Baluarte do Restelo”, no Sec XVI, aquando da sua edificação.
Pelo que escreveu Garcia de Resende, nas suas ”Crónicas de D.João II”, em 1545, já estaria projectada a sua construção no reinado de D. João II, mas, por morte deste, foi D. Manuel I que acabou por concretizar o projecto. Garcia de Resende diz, também, ser autor do seu risco inicial, porém, mais divulgado como seu arquitecto é Francisco Arruda. A obra esteve a cargo de Diogo Boitaca que trabalhava já, nessa altura, também no Mosteiro dos Jerónimos.
Esta Torre começou a ser construída em 1514 e terminou em 1520. Veio substituir uma nau que ali existiu ancorada, designada por “Grande Nau” de onde partiram as frotas para os descobrimentos. Era uma embarcação artilhada, que ao tempo, estaria integrada, conjuntamente com o Baluarte de Cascais e o da Caparica, no plano defensivo da barra do Tejo e da cidade de Lisboa.
Inicialmente a Torre estava toda dentro do Tejo. É de traça quadrangular com um baluarte poligonal avançado em direcção ao rio. Portais com arcos quebrados, claustro coberto e abóbadas assentes em torais são característicos da construção portuguesa. O seu estilo é o Manuelino, reconhecível por qualquer um, tantos são os elementos marítimos que a decoram. No seu exterior, domos, varandim e balcões fazem-nos lembrar algo de Veneza e Marrocos. Como curiosidade, esculpido no seu lado poente, há um rinoceronte que, dizem, ser uma das primeiras representações deste exótico animal africano.
Ao longo dos tempos a Torre sofreu várias reformas. Especialmente no Sec XVIII, foram-lhe adicionados o varandim do baluarte, as ameias, o claustrim e o nicho da Virgem voltado para o Tejo.
À medida que as funções defensivas da Torre iam perdendo importância, ela passou a ser usada como registo aduaneiro, depois posto de sinalização telegráfica e, mais tarde, farol. Nos reinados de Filipe I e D.João IV chegou também a albergar presos políticos.
Monumento Nacional e ex-libris da cidade de Lisboa foi, conjuntamente com o Mosteiro dos Jerónimos, classificada pela UNESCO, em 1983, como Património Cultural de Toda a Humanidade. E, neste mesmo ano integrou também a XVII Exposição Europeia de Arte Ciência e Cultura.
Para ilustrar este apontamento escolhi esta foto, publicada em 1909, na “Illustração Portugueza” que me chamou a atenção pela curiosa legenda que a acompanha: “A Seducção de Lisboa”. Esta, digamos, será a minha homenagem a alguém, que “viu a Torre talvez com um olhar mais romântico”...
Nota- Este tema foi-me sugerido pela Fátima Camilo que também me enviou alguns elementos já pesquisados por si. Bem haja.
M.A.
1 comentário:
Amélia grande reportagem.
E eu que só descobri que a Torre de Belém se tinha chamado de S. Vicente, na visita da semana passada ao Museu Medeiros e Almeida, quando aquela aguarela me despertou a atenção!
Que bom é estar sempre a aprender.
Obrigada "sócia"!
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