Como tudo começou

22/12/09

UMA HISTÓRIA DE NATAL



Era uma manhã de Dezembro já bastante perto do Natal. Estava frio e a respiração que saía do meu nariz formava logo aquela nuvenzinha opaca pela enorme diferença com a temperatura exterior. Saíra com a intenção de ir procurar algumas prendas de Natal e, mentalmente, ia imaginando o que compraria, de acordo com o gosto daqueles a quem elas se destinavam. Eis senão quando reparei em quatro garotos, bastante pequenos, que caminhavam à minha frente, falando animadamente. Tinham como tema as prendas que o Menino Jesus colocaria nos sapatinhos e, vai daí, a minha atenção ficou logo presa àquela conversa, em prejuízo da intenção que me fizera sair de casa. Decidi portanto ir fazendo o mesmo percurso que eles.

Os brinquedos e jogos iam sendo enumerados, qual deles o mais sofisticado. Os sapatos de cada um estavam já a abarrotar… e a graça é que , nem punham só hipóteses de receber tais prendas, tinham já certezas! O Menino Jesus só teria mesmo que ler aquela lista e “dar despacho” aos pedidos de cada um!
Ouvindo aquele punhado de sonhos ali expostos à minha “cusquice” eu ia sorrindo divertida …
Aconteceu então que um dos miúdos que, até aí se mantivera calado, levantou a sua voz para dizer o seguinte:
Olhem, sabem que mais? Não é nada o Menino Jesus quem traz as prendas…São os nossos pais que as compram para nós…»
Fez-se um breve silêncio logo seguido de um protesto da parte dos outros. Mas, o garoto, muito sério, prosseguiu:
_«E sabem porque digo eu isto?… Para casa dos ricos é que vão os brinquedos mais caros e melhores e eu sempre ouvi dizer que o Menino Jesus é bom e amigo de todos, portanto não ia tratar pior os pobres se fosse realmente Ele a trazer as prendas!…»

O meu sorriso logo desapareceu… senti que aquela manhã ficara de repente mais fria e, ainda hoje, não esqueci a lógica do discurso daquela criança.

Este garoto existiu realmente. Embora haja já passado cerca de meio século sobre o episódio que relatei, julgo ter repetido textualmente as palavras que ouvi àquela criança .
(Na imagem, uma composição de Natal, da autora do post)
M.A.

4 comentários:

Gi disse...

Gostei, tanto da composição imagética, como da composição escrita.

Boas Festas para as Colaboradoras do Blog da Simecq Cultura, que tanto prezo.

Quica disse...

Apesar de estar com o tempo muito limitado, nao pude deixar de espreitar o Blog e de fazer um comentário ao texto apresentado.

A maior sinceridade do mundo é das crianças.

O texto vem a propósito nesta quadra. Obrigada Amélia por o partilhar connosco.

M.A. disse...

Gi:
Obrigada pelo comentário e pelos votos de B.Festas. Igualmente lhe desejamos que tenha passado um Natal Feliz e que o 2010 venha todo na positiva. Na imagem do post, falta apenas a redoma de vidro que completa este conjunto mas que prejudicava a foto. Volte sempre.
Quica:
Obrigada por mais esta visita. Fazemos coro consigo na afirmação que empregou sobre as crianças.Volte sempre.

Fatima disse...

Amélia é muito verdadeira e pertinente a conclusão da criança da história.

Se houvesse mais equilíbrio no Mundo, tudo seria melhor.

Arbaço

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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