Como tudo começou

11/04/11

DEFICIÊNCIAS, COMO AS VÊ MÁRIO QUINTANA

De quando em vez surgem perante os nossos olhos textos que prendem a nossa atenção…Foi o caso deste que, sem ser muito extenso é delicioso e define o pensamento de alguém quanto ao que para si são as chamadas deficiências.


Controversas algumas delas, talvez, mas aqui as deixamos ao critério dos leitores.


Quem as escreveu foi Mário Quintana, um poeta, tradutor e jornalista brasileiro, que nasceu em 30/07/1906 e faleceu em 05/05/1994. Para ficar a saber mais a seu respeito convidamos o leitor a clicar aqui.


DEFICIENTE é aquele que não consegue modificar a sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas, ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.


LOUCO é o que não procura ser feliz com o que possui.


CEGO é aquele que não vê o seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para os seus míseros problemas e pequenas dores.


SURDO é aquele que não tem tempo de ouvir o desabafo de um amigo ou o apelo de um irmão, pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir os seus tostões no fim do mês. MUDO é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.


PARALÍTICO é quem não consegue andar na direcção daqueles que precisam da sua ajuda. DIABÉTICO é quem não consegue ser doce.


ANÃO é quem não consegue deixar o amor crescer. E finalmente a pior de todas as deficiências é ser miserável, pois:


MISERÁVEIS são todos aqueles que não conseguem falar com Deus.


A Amizade é um amor que nunca morre.
P.S.- Como curiosidade, Mário Quintana assinou sempre o nome próprio sem o acento na letra A. Isto, porque como no registo de nascimento se esqueceram de o colocar, ele fez questão de assim o manter.

E já agora, antes da nossa despedida vamos deixar, também, uma pequenina amostra da poesia de Mário Quintana.


É um soneto de que gostamos particularmente:

AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for das vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios…


Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida – a verdadeira –
em que basta um momento de poesia
para dar a eternidade inteira.


Inteira, sim, porque esta vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual , uma porção.


E os anjos entreolham-se espantados
quando alguém – ao voltar a si da vida –
acaso lhes indaga que horas são
(Do livro “A Cor do Invisível”) Esperamos tenham gostado. Até breve leitores. Fiquem bem. M.A.

1 comentário:

Quica disse...

A poesia deste poeta vai ao encontro do que sinto, ignorar o relógio. É pena não o abolirmos de vez.

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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