Como tudo começou

19/11/11

O SEU PENDRIVE TEM "BLUTUFE"?






Este post vai dedicado aos “cotas”, e não só!

Situação bem humorada, mostrando a rapidez da modernidade, difícil, quase impossível, para os e… as de mais idade acompanharem! Não deixem de ler!

Oswaldo tirou o papel do bolso, conferiu a anotação e perguntou à empregada:­

-Menina, vocês têm pendrives?

-Temos, sim.­

-O que é pendrive? Esclareça-me. O meu filho pediu para lhe comprar um.

-Bom, pendrive é um aparelho em que o senhor guarda tudo o que tem no computador.­

-Ah… É como uma disquete...

-Não. No pendrive o senhor pode guardar textos, imagens e filmes. Nas disquetes, que até já nem existem, só salvava texto.

­- Ah, está bem… Vou querer.

-De quantos gigas?

­- Hein?

-De quantos gigas quer o senhor o seu pendrive?

- O que é giga?
-É o tamanho do pen.

­- Ah, bom. Eu queria um pequeno, que dê para levar no bolso, sem fazer muito volume.

-Todos são pequenos, senhor. O tamanho, aquí, significa a quantidade de coisas que ele pode arquivar.

­- Ah, sim. E quantos tamanhos têm?
-Dois, quatro, oito, dezasseis gigas...

­- Hmmmm,o meu filho não disse de quantos gigas queria.

-Neste caso, o melhor é levar o maior.

-Sim, acho que sim. Quanto custa?

-Bem, o preço varia conforme o tamanho. A sua entrada é USB? ­

-Como?

-É que para acoplar o pen no computador, tem que ter uma entrada compatível. ­

-USB não é a potência do ar condicionado?

-Não, isso é BTU. ­

-Ah! É isso mesmo. Confundi as iniciais. Bom, sei lá se a minha entrada é USB.

-USB é assim, repare, com dentinhos que se encaixam nos buraquinhos do computador. O outro tipo é este, o P2, mais tradicional, neste o senhor só tem que enfiar o pino no buraco redondo. O seu computador é novo ou velho? Se for novo é USB, se for velho é P2. ­

-Acho que o meu tem uns dois anos. O anterior ainda era com disquetes. Lembra-se das disquetes? Quadradinho, preto, fácil de carregar, quase não tinha peso. O meu primeiro computador funcionava com aquelas disquetes do tipo bolacha, grandes e quadrados. Era bem mais simples, não acha? Os de hoje já nem têm entrada para as disquetes. Ou é CD ou pendrive. ­Que coisa! Bem, não sei o que fazer. Acho melhor perguntar ao meu filho.

-Talvez seja melhor. O senhor pode telefonar-lhe, não?

­- Pois…eu gostaria, mas o meu telemóvel é novo, tem tanta coisa nele que eu ainda nem aprendi a marcar o número.

-Deixe lá eu ver. Puxa, um Smarthphone! Este é bom mesmo! Tem Bluetooth, woofle, brufle, trifle, banda larga, teclado touchpad, câmara fotográfica e de filmar, flash, radio AM/FM, TV digital, dá para mandar e receber e-maisl, micro-ondas e conexão wireless....­

- Blu... Blu... “Blutufe”? E micro-ondas? Dá para cozinhar com ele?

-Não senhor. Assim o senhor até me fez rir. É que ele funciona no sub-padrão, por isso é muito mais rápido.­

-Para que serve essa coisa do “blutufe”?

-Serve para um telemóvel comunicar com outro, sem fio.­

-Que maravilha! Essa é uma grande novidade! Mas os telemóveis já não se comunicam com os outros sem usar fio? Nunca precisei de fio para ligar para outro telemóvel! Fio nos telemóveis, que eu saiba, é apenas para carregar a bateria...

-Não, já vi que o senhor não entende nada, mesmo. Com o Bluetooth o senhor passa os dados do seu telemóvel para outro, sem usar fio. Lista de telefones, por exemplo. ­

-Ah, e antes precisava de fio?

-Não… tinha que trocar o chip. ­

- Hein? Ah, sim, o chip. E hoje já não é preciso chip...

-Precisa, sim, mas o Bluetooth é bem melhor. ­

- Óptimol esse negócio do chip. O meu telemóvel tem chip?

-Um momento... Deixe-me ver... Sim, tem chip. ­

- E faço o quê, com o chip?

-Se o senhor quiser trocar de operadora, portabilidade, o senhor sabe. ­

-Sei, sim, portabilidade, não é? Claro que sei. Não ia saber uma coisa dessas, tão simples? Imagino, então que para ligar tudo isso, no meu telemóvel, depois de fazer um curso de dois meses, eu só preciso clicar nuns duzentos botões...

-Nããão! É tudo muito simples, o senhor apreende num instante. Quer ligar para o seu filho? Anote aqui o número dele. Isso… Agora é só teclar…esperar um momento, e carregar no botão verde... pronto, está a chamar.


Oswaldo segura o telemóvel com a ponta dos dedos, temendo ser levado pelos ares, para um outro planeta:
- Olá filho, é o pai. Sim... Diz lá, filho, o teu pen drive é de quantos... Como é o tal nome? Ah, obrigado, quantos gigas? Quatro gigas está bom? Óptimo. E já agora, outra coisa, o que era mesmo? A nossa conexão é USB? É? Que loucura!. Pronto, filho, o pai vai comprar o teu pen drive. Levo-o à noite para casa.

-Que idade tem o seu filho? ­

-Vai fazer dez em Março.

-Que gracinha... ­

-É isso menina, vou levar um de quatro gigas, com conexão USB.

-Claro, senhor.


Mais tarde, no escritório, examinou o pen drive, um minúsculo objecto, menor do que um isqueiro, capaz de gravar filmes! Onde iremos parar? Olha, com receio, para o telemóvel que está sobre a mesa. "Máquina infernal", pensa. Tudo o que ele quer é um telefone, para fazer e receber chamadas. E tem, nas mãos, um equipamento sofisticado, tão complexo que ninguém que não seja especialista ou tenha a infelicidade de ter mais de quarenta, saberá compreender...


Em casa, ele entrega o pen drive ao filho e pede para ver como funciona. O garoto insere o aparelho e, no ecran, abre-se uma janela. Em seguida, com o rato, abre uma página da internet, em inglês. Selecciona umas palavras e um 'havy metal' infernal invade o quarto e os ouvidos de Oswaldo. Um outro clique e, quando a música termina, o garoto diz: -Pronto, pai, baixei a música. Agora, eu levo o pendrive para qualquer lugar e, onde tiver uma entrada USB eu posso ouvir a música. No meu telemóvel, por exemplo.­

-O teu telemóvel tem entrada USB?

-É lógico. O teu também tem. ­

- É?... Quer dizer que eu posso gravar músicas num pen drive e ouvir pelo telemóvel?

-Se o senhor não quiser baixar directamente da internet...

Naquela noite, antes de dormir, deu um beijo à mulher Clarinha e disse: ­

- Sabes que eu tenho “Blutufe”? -

-Como é que é?

­-“Bluetufe”! Não vais dizer-me que não sabes o que é?

-Não me dês cabo da paciência, Oswaldo, deixa-me dormir! ­

-Minha querida, lembras-te como era boa a vida, quando telefone era telefone, gravador era gravador, grafonola tocava discos e a gente só tinha que apertar um botão, para as coisas funcionarem?

-Claro que lembro, Oswaldo.
-Hoje é bem melhor, sabes? Várias coisas numa só, até “Bluetufe” se pode ter. E conexão USB também...

-E eu ralada, Oswaldo! Os meus parabéns.

­-Clarinha, com tanta tecnologia a gente envelhece cada vez mais rápido. Fico doente só de pensar em quanta coisa existe, por aí, que eu nunca irei usar.

-Como assim? ­- Repara, eu ainda há tão pouco tempo aprendi a usar o computador e o telemóvel e tudo o que sei já está superado. Por falar nisso temos que trocar a televisão. ­

-Porquê? A nossa estragou-se?

-Não. Mas a nossa não tem HD, tecla SAP, slowmotion e reset.­

-Tudo isso?

-Tudo.­

-A nova também vai ter “blutufe”? Boa noite, Oswaldo, vamos mas é dormir que eu não aguento mais...

Nota – O Oswaldo podia ser algum de nós, ou alguém, que nasceu nos anos 40, 50, 60,70, ou até nos anos 80. Já agora, tenho que pedir a um dos meus netos umas explicações sobre o meu telemóvel novo…


(Recebido num e-mail)
M.A.

1 comentário:

Quica disse...

À velocidade que as tecnologias avançam, na nossa idade é difícil acompanhar tanto progresso.

Vamos assimilando alguma coisa, mas tanto é difícil.

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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