Como tudo começou

14/03/12

ACORDO ORTOGRÁFICO – José Manuel Fernandes


Tem-se falado muito do Acordo Ortográfico e da necessidade de a língua evoluir no sentido da simplificação, eliminando letras desnecessárias e acompanhando a forma como as pessoas realmente falam .
Sempre combati o dito Acordo mas, pensando bem, até começo a pensar que este peca por defeito. Acho que toda a escrita deveria ser repensada, tornando-a mais moderna, mais simples, mais fácil de aprender pelos estrangeiros .
Comecemos pelas consoantes mudas: deviam ser todas eliminadas .É um fato que não se pronunciam .Se não se pronunciam, porque ão-de escrever-se ?
O que estão lá a fazer ? Aliás, o qe estão lá a fazer ?
Defendo qe todas as letras qe não se pronunciam devem ser, pura e simplesmente, eliminadas da escrita já qe não existem na oralidade .
Outra complicação decorre da leitura igual qe se faz de letras diferentes e das leituras diferentes qe pode ter a mesma letra .
Porqe é qe “assunção” se escreve com “ç” e “ascensão” se escreve com “s” ?
Seria muito mais fácil para as nossas crianças atribuír um som único a cada letra até porqe, quando aprendem o alfabeto, lhes atribuem um único nome. Além disso, os teclados portugueses deixariam de ser diferentes se eliminássemos liminarmente o “ç” .Por isso, proponho qe o próximo acordo ortográfico elimine o “ç” e o substitua por um simples “s” o qual passaria a ter um único som .
Como consequência, também os “ss” deixariam de ser nesesários já qe um “s” se pasará a ler sempre e apenas “s” .
Esta é uma enorme simplificasão com amplas consequências económicas, designadamente ao nível da redusão do número de carateres a uzar. Claro, “uzar”, é isso mesmo, se o “s” pasar a ter sempre o som de “s” o som “z” pasará a ser sempre reprezentado por um “z” .
Simples não é? se o som é “s”, escreve-se sempre com s. Se o som é “z”escreve-se sempre com “z” .
Quanto ao “c” (que se diz “cê” mas qe, na maior parte dos casos, tem valor de “q”) pode, com vantagem, ser substituído pelo “q”. Sou patriota e defendo a língua portugueza, não qonqordo qom a introdusão de letras estrangeiras. Nada de “k” .Ponha um q.
Não pensem qe me esqesi do som “ch” .O som “ch” será reprezentado pela letra “x”.Alguém dix “csix” para dezinar o “x”? Ninguém, pois não ?
O “x” xama-se “xis”.Poix é iso mexmo qe fiqa .
Qomo podem ver, já eliminámox o “c”, o “h”, o “p” e o “u” inúteix, a tripla leitura da letra “s” e também a tripla leitura da letra “x” .
Reparem qomo, gradualmente, a exqrita se torna menox eqívoca, maix fluida, maix qursiva, maix expontânea, maix simplex .
Não, não leiam “simpléqs”, leiam simplex .
O som “qs” pasa a ser exqrito “qs” u qe é muito maix qonforme à leitura natural
No entanto, ax mudansax na ortografia podem ainda ir maix longe, melhorar qonsideravelmente .
Vejamox o qaso do som “j” .
Umax vezex excrevemox exte som qom “j” outrax vezex qom “g”- ixtu é lójiqu?
Para qê qomplicar ? ! ?
Se uzarmox sempre o “j” para o som “j” não presizamox do “u” a segir à letra “g” poix exta terá, sempre, o som “g” e nunqa o som “j” .
Serto ?
Maix uma letra muda qe eliminamox .
É impresionante a quantidade de ambivalênsiax e de letras inuteix qe a língua portugesa tem !
Uma língua qe tem pretensõex a ser a qinta língua maix falada do planeta, qomo pode impôr-se qom tantax qompliqasõex ?
Qomo pode expalhar-se pelo mundo, qomo póde tornar-se realmente impurtante se não aqompanha a evolusão natural da oralidade ?
Outro problema é o dox asentox.Ox asentox só qompliqam !
Se qada vogal tiver sempre o mexmo som, ox asentox tornam-se dexnesesáriox .A qextão a qoloqar é: á alternativa ?
Se não ouver alternativa, pasiênsia.
É o qazo da letra “a” .Umax vezex lê-se “á”, aberto, outrax vezex lê-se “â”, fexado .Nada a fazer.
Max, em outrox qazos, á alternativax .Vejamox o “o”: umax vezex lê-se “ó”, outrax lê-se “u” e outrax, lê-se “ô” .
Seria tão maix fásil se aqabásemox qom isso !qe é qe temux o “u” ?
Se u som “u” pasar a ser sempre reprezentado pela letra “u” fiqa tudo tão maix fásil !Pur seu lado, u “o” pasa a suar sempre “ó”, tornandu até dexnesesáriu u asentu.
Já nu qazu da letra “e”, também pudemux fazer alguma qoiza :quandu soa “é”, abertu, pudemux usar u “e” .
U mexmu para u som “ê” .Max quandu u “e” se lê “i”, deverá ser subxtituídu pelu “i” .
I naqelex qazux em qe u “e” se lê “â” deve ser subxtituidu pelu “a” .
Sempre. Simplex i sem qompliqasõex .
Pudemux ainda melhurar maix alguma qoiza: eliminamux u “til” subxtituindu, nus ditongux, “ão” pur “aum”, “ães” – ou melhor “ãix” - pur “ainx” i “õix” pur “oinx” .
Ixtu até satixfax aqeles xatux purixtax da língua qe goxtaum tantu de arqaíxmux.
Pensu qe ainda puderiamux prupor maix algumax melhuriax max parese-me qe exte breve ezersísiu já e sufisiente para todux perseberem qomu a simplifiqasaum i a aprosimasaum da ortografia à oralidade so pode trazer vantajainx qompetitivax para a língua purtugeza i para a sua aixpansaum nu mundu .
Será qe algum dia xegaremux a exta perfaisaum ?


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Caros leitores:


Este texto que vos trouxemos hoje foi, como viram, escrito por José Manuel Fernandes. Porque achamos que se trata de uma crítica muito bem feita e tão cheia de boa disposição, não resistimos a publicá-la no blog.
Muito se tem falado e escrito sobre o Acordo Ortográfico mas, deste modo, com tanto espírito humorístico, confessamos que ainda não encontramos nada igual. Os nossos sinceros parabéns ao seu autor e esperamos que tenham “gostado das sugestões apresentadas”…
(Recebido num e-mail
M.A



1 comentário:

Quica disse...

Não consigo imaginar a escrever desta maneira.

Não aderi ao acordo ortográfico que foi acordado, continuo a escrever como aprendi.

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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