Como tudo começou

18/01/08

CONVIDO A CONHECER

O CENTRO DE CIÊNCIA VIVA EM CONSTÂNCIA:

São já vários, no nosso País os Centros de Ciência Viva, onde, de um modo mais

directo, podemos aprender ou mesmo só relembrar alguns conhecimentos na área científica. Desta vez venho falar-vos deste, onde estive recentemente, e que está especialmente vocacionado para as actividades relacionadas com a astronomia.


Chegados a Constância, numa bonita manhã ensolarada, subimos ao alto de Santa Bárbara, deparando logo, num raio de 360 graus, com uma paisagem deslumbrante. Depois, demos conta de alguns edifícios e, também, de um amplo espaço rectangular onde se espalhavam diversas infra-estruturas e equipamentos que, horas depois, nos permitiram viajar pelo Universo sem, afinal, termos que tirar os pés do solo.




Temos aqui uma representação do Sistema Solar, um Globo Terrestre, uma Esfera Celeste, uma simulação da nossa Galáxia, (a Via Láctea), um Relógio Analemático e os chamados Carroceis do Sol-Terra-Lua, mais além o de Júpiter e a seguir o de Saturno. Todos estes equipamentos têm mecanismo adequado, o que nos permite mais facilmente visualizar as explicações teóricas que nos vai dando quem conduz a visita. Para além disto existe ainda um Observatório Solar de Heliofísica, um Observatório Astronómico, um Planetário e estão neste momento a ser montados mais uns tantos Telescópios para uso futuro dos visitantes. Vou abster-me de entrar em pormenores sobre cada uma destas estruturas pois não o faria capazmente. Será privilégio de quem me lê usufruir do mesmo prazer que experimentei quando ali se deslocar também.

Terminada esta parte da visita fomos encaminhados para uma zona onde já nos tínhamos apercebido haver uma outra construção metálica. Esta, é uma escultura, criação de um artista da região, José Coelho, a que ele chamou “A MÀQUINA DO MUNDO”.


Quem nos acompanhava e, cujo nome mencionarei no final deste apontamento, começou por explicar que se tratava da representação do conceito geocêntrico do Universo, inspirada na descrição que a deusa Tétis fez a Vasco da Gama, no regresso da sua viagem à Índia e que podemos ler no Canto X de “OS LUSÍADAS”.

Faço aqui uma pausa para lembrar o que nos contou Camões. A frota desembarcou na Ilha dos Amores, onde os marinheiros foram calorosamente recebidos pelas ninfas e foi a própria deusa Tétis quem acolheu o Vasco da Gama. Depois de um lauto banquete ela levou o seu ilustre convidado até ao cimo de um monte onde lhe mostrou a miniatura do Universo e lhe apontou as terras que, futuramente os portugueses conquistariam, em especial nas Costas de África, Ásia e América.

Voltando à escultura, vemos aí o globo terrestre colocado no topo de 7 degraus circulares, concêntricos, rodeados por um círculo dividido em 12 partes. Segundo a concepção ptolomaica cada um desses degraus será um dos 7 céus que giravam em redor da terra que estava imóvel e, cada um deles, era habitado por um astro diferente, Lua, Mercúrio, Vénus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. Para lá destes sete céus encontrava-se o firmamento, o céu das estrelas fixas, das constelações. Na escultura está numerado de 1 a 12 numa alusão às 12 constelações do Zodíaco. De realçar que Camões descreve também esta disposição geocêntrica do Universo de uma forma perfeita e rigorosa na Estrofe LXXXIX do Canto X. Junto à escultura vemos também, numa placa de cobre, a transcrição da Estrofe LXXX, do mesmo Canto, que faz a apresentação da “Máquina do Mundo”:

Vês aqui a grande máquina do Mundo,
Etérea e elemental, que fabricada
Assim foi do Saber, alto e profundo,
Que é sem princípio e meta limitada.
Quem cerca em derredor este rotundo
Globo e sua superfície, tão limada,
É Deus: mas o que é Deus, ninguém o entende,
Que a tanto o engenho humano não se estende.”


Entre outras coisas, a exploração do sentido desta escultura pode servir para realçar a ideia de que o conceito de Universo se altera ao longo dos tempos, conforme o horizonte dos nossos conhecimentos se vai alargando e, ainda, mostrar que em ciência as teorias nunca são eternas.

Agradeço à Exmª. Srª. Drª. Ana Maria Dias a gentileza do envio desta descrição da escultura “Máquina do Mundo” que procurei transcrever, tanto quanto possível, com as suas próprias palavras. . Foi ela quem nos acompanhou na visita e, como não era fácil fixar tudo, solicitei-lhe depois que repetisse, num e-mail, a dita descrição para eu poder, então, transmiti-la a quem teve a paciência de ler este meu apontamento.

M.A.

2 comentários:

Anónimo disse...

Obrigada pela sugestão.
É sem dúvida um bom desafio para um fim de semana destes.
Um abraço

Anónimo disse...

A visita guiada que nos foi facultada revelou-se muito interessante e com um valor cultutal e científico notável.
Ali se começa a sentir verdadeiramente o que é o infinito e ainda quando estamos apenas dentro do sistema solar; mas é-nos mostrado que a estrela Sol é apenas uma das estrelas que integram a galáxia VIA LÁCTEA que tem milões de estrelas - curioso um painel que procura dar ideia da sua dimensão e constituição - e destaca uma das estrelas, precisamente o Sol.
E se pensarmos que há milhões de Galáxias, a noção do infinito instala-se em nós com mais nitidez, mas também com mais dúvidas.
É uma visita que não deve ser perdida. Muito interessante

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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