Como tudo começou

13/02/08

DIA DE S. VALENTIM

Caros leitores:

Ainda que eu seja dos que ache que o dia de S. Valentim foi mais uma daquelas modas que se criou com o intuito de se comprarem umas tantas prendas e se trocarem mais uns postais entre namorados, mesmo assim vou deixar aqui um apontamento relativo ao que se comemora neste dia: O AMOR. Devo dizer, desde já, que é o amor tratado de uma forma muito curiosa!

É uma carta de uma rapariga para o apaixonado, recolhida numa aldeia indígena, durante a guerra , em Angola, juntamente com outros papeis que eram analisados, pelo Oficial de Operações e Informações de determinado Batalhão, para avaliar da sua importância Foi por intermédio deste militar que ela me chegou às mãos. Tal como eu adorei lê-la, também o leitor, por certo, se abrirá num sorriso ante a simplicidade da sua ortografia e redacção:



Cunga, 6 de 1963

Ex.mo menino Massidão

Antes de mais desejo saber a sua rica saúde assim como os que lhe são queridos e queridas as suas cartas em meu poder recebi e fiquei grato. Sim ansi os e seu dizeres da sua carta mais?!

Por ora não tenho mão direita ou papel ou caneta ou lápis para escrever, essas pequenas garatugas cheias de erros disculpe-me por lhe escrever. Agora sou como uma palha que não tem dono, em qualquer parte pode ser balado. Quando o menino tens me escrito as suas cartas muitas vezes o corpo fica sem força a carne sem ossos a cabeça sem juízo. O menino só pensa em fazer pedido mais o estado de viver ou modo de viver ou o meu pensar não sabes. Uma vez recebi uma das suas cartas dizendo que o meu namorar dor da Mocidade leva um ano de namoro com que, que os seus pais podem saber afinal só quezeste me enganar?!!! eu sei de namora apesar de não saber nada. Para mim agora não sou nada sou uma palha como já falei. Não posso lhe empedir podes procurar ou continuar com a tua miúda porque a vontade não é obrigatória.

Apenas pelo na minha mão na caneta em dar-lhe uns cumprimentos e um abraço de longo não temas com as minhas palavras quem ama sofre. Pesso que não fassas o pedido até quando um dia nos avistar-mos face a face. Sem mais nada

Laura”


Os meus agradecimentos ao Amigo Freitas Lopes.

M.A.


1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigada Amélia e um obrigada especial para o amigo Freitas Lopes que nos deu a oportunidade de ler esta excelente carta.

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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