Prometi que voltaria para contar um outro episódio relacionado com este Amigo que já lhes apresentei. Se acaso é um leitor que só agora nos visita peço-lhe que procure o que escrevi anteriormente, sob título idêntico, para poder perceber, minimamente, a formação de carácter da pessoa de quem falo.
O que vou contar situou-se algures no antigo Ultramar, durante o período conturbado da Guerra. Este Amigo procurava manter uma certa neutralidade, convivendo com todos, embora, pelos anos que vivera já por aquelas terras soubesse perfeitamente quem ocupava determinados postos dentro da organização então designada por "guerrilheiros". Sabia também que, sempre que a sua serração estivesse a trabalhar em qualquer encomenda para o exército regular, caíam, como que por acaso, uns morteiros sobre a mesma… Era este o clima que então se vivia por ali…
Como este amigo, tinha também o gosto pela caça, algumas vezes, pegava na arma e embrenhava-se na mata, quer pelo gosto de trazer alguma peça para o jantar ou, de, simplesmente fazer um pouco de exercício.
Neste dia em que me situo, parece que a volta já havia sido grande e ele, sentara-se, perto de um rio, a descansar um pouco.
Então um ruído de motores fez-se ouvir e, chegaram umas viaturas do exército, com soldados, sob o comando de um alferes. Ao verem aquela água tão convidativa, possivelmente extenuados e transpirados no regresso de qualquer missão, não pensaram duas vezes. Num instante se despiram e lançaram todos para dentro de água. O meu Amigo, do sítio em que estava continuou a olhar a cena, sem ninguém do grupo ter dado pela sua presença.
Então um ruído de motores fez-se ouvir e, chegaram umas viaturas do exército, com soldados, sob o comando de um alferes. Ao verem aquela água tão convidativa, possivelmente extenuados e transpirados no regresso de qualquer missão, não pensaram duas vezes. Num instante se despiram e lançaram todos para dentro de água. O meu Amigo, do sítio em que estava continuou a olhar a cena, sem ninguém do grupo ter dado pela sua presença.
Em dada altura começou a aperceber-se de determinada movimentação na mata envolvente e, aqui, de novo funcionou o conhecimento profundo que este homem tinha da vida na selva. Estava a preparar-se uma emboscada àquele descuidado grupo, que conjuntamente com as roupas, deixara, nas viaturas, também as armas. Não será difícil imaginar o que se poderia ter seguido.
Foi então que ele tomou a decisão de disparar dois ou três tiros para o ar. Isto, fez com que rapidamente todos os militares saíssem do rio, entrassem nas viaturas e retirassem dali.
Aquele grupo de jovens nunca terá chegado a saber a quem ficou a dever, com fortes probabilidades, a salvação da vida, mas o bom do nosso Amigo, é que, mais uma vez teve a sua serração bombardeada…
M.A.
3 comentários:
Boa noite Fátima
Pois eu também conheço uma história muito semelhante que se passou com um primo meu no Ultramar, mais propriamente na Guiné.
Um belo dia, este meu primo, António como eu mas de apelido Cândido, numa saída do aquartelamento com os colegas, sentou-se junto a um rio e os companheiros resolveram que uma banhoca não lhes faria mal.
Julgo mesmo que o meu primo também foi tomar a sua, só que se apercebeu igualmente de um movimento qualquer nas margens e resolveu tocar a reunir com os colegas, alertando-os de que teriam de deixara a água.
Não eram tropas inimigas escondidas não senhor, ao que julgo saber, eram corcodilos que se preparavam para um lauto banquete.
Um abraço
António
Olá António
Obrigada pelo comentário, mas eu mando-o direitinho para a Amélia, que é a autora da história e da publicação.
O blog da SIMECQ é cuidado pelas duas, eu FC e a Amélia M.A..
Tenho a certeza que ela ficou agradada com o seu comentário. É uma contadora de histórias fantástica.
Um abraço
Amélia - abençoados tiros.....
Claro que aqueles tiros foram providenciais para evitar aquilo que se adivinhava... A expressão "abençoados" que a Fátima empregou penso não ser exagerada. Toda a convivência que tive com este homem foi muito enriquecedora.E aposto mesmo, que, em quem o conheceu, deixou um amigo.Era efectivamente um dos mais verdadeiros "homens de paz" que conheci.
Quanto ao comentário de António Inglês,claro que lhe agradeço as simpáticas palavras Fátima, mas, estando nós neste trabalho de equipa ficam elas bem entregues em
qualquer das duas sem problema algum! A ele, desejo que apareça muitas vezes e que encontre neste blog leituras do seu agrado.
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