Procurar as origens remotas das Festas dos Tabuleiros não é tarefa fácil. Pelo seu cariz profano/ religioso diz-se, haver nelas, para além de influências ligadas ao cristianismo, reminiscências também das festas pagãs dedicadas à deusa Ceres. A ornamentação dos Tabuleiros com espigas de trigo, pães e flores, levam-nos também a associá-las às antigas festividades das colheitas. Mas, a verdade é que o aspecto religioso continua bem patente nas festas que ainda hoje se fazem até porque igualmente se designam por Festas do Espírito Santo, uma vez que o ponto alto ocorre justamente no Domingo de Pentecostes, com o Cortejo final. Mas não me vou alongar neste sentido. Tenho sobretudo em mente transmitir a impressão que colhi em Julho de 2003 quando, pela primeira vez, tive oportunidade de assistir a estas Festas.
São várias as cerimónias, a primeira das quais é o Cortejo das Coroas, que se realiza no Domingo de Páscoa. Os três Mordomos, (organizadores) transportam as três coroas da tradição que levam até à Igreja de S. João Baptista. Hoje, já cada freguesia se faz representar também com uma coroa e um pendão. Chegados à Igreja, as coroas ficam depositadas numa banqueta defronte do altar, com os Pendões ladeando-as. Há depois, de 15 em 15 dias, até ao Domingo de Pentecostes, cortejos das diferentes freguesias.
Tradicional é também o Desfile dos Bois do Espírito Santo, que tem também o nome de Cortejo do Mordomo. Estes bois, em número variável, vêm enfeitados com fitas coloridas e serão abatidos na madrugada do dia do Cortejo para que a sua carne seja depois distribuída aos pobres, juntamente com pão e ultimamente também, com vinho. Esta oferta é chamada de Pêza.
Finalmente, no Domingo de Pentecostes, com a Procissão dos Tabuleiros, a sua bênção, a forma do tabuleiro, os vestidos brancos das raparigas que os transportam, os acompanhantes destas e os aguadeiros, cuja missão é oferecer água de uma bilha que levam consigo, tudo se vem mantendo igual ao longo dos anos.
O fazer do tabuleiro ( que é afinal um cesto de vime) tem as suas regras: É armado com 5 ou 6 canas verticais onde serão enfiados os pães, num total de 30, com 500 gr. cada, perfazendo assim uma arroba. Hoje, já cada pão pesa só 400 gr. mas, o seu número continua a ser o mesmo. O tabuleiro deve ter a altura da rapariga que o leva à cabeça e é rematado no cimo por uma coroa ou uma pomba, consoante o gosto. O conjunto, é todo enfeitado , com flores e espigas de trigo e, na verdade, cada um deles, se transforma num encanto para os olhos. Difícil mesmo é eu conseguir explicar-vos toda a variedade que neles encontrei.
Falarei, por fim, do conjunto das ruas da cidade que se mostram igualmente engalanadas com festões e flores, tudo feito em papel também, numa profusão de cores e formatos difíceis de descrever. Há evidentemente muito trabalho e despique entre os moradores para que a sua rua suplante todas as outras, mas, pelo que vi, nesse ano, achei que todos mereciam parabéns. As fachadas das casas aparecem também revestidas do mesmo modo e também aqui a imaginação não tem limites. Enfim, posso afirmar-vos que, naqueles dias, Tomar foi mesmo uma festa para os meus olhos e, também, para os olhos de todos quantos tiveram a felicidade de lá ter estado. Aqui fica uma sugestão para os leitores irem lá nas próximas que se anunciem.
M.A.
M.A.
5 comentários:
Maravilhoso,obrigada pela partilha :)))
Bom fim-de-semana
Beijosssss
Que belo espectáculo de cor e luz.
Adorei!
Beijos
Amélia vi estas festas uma vez quando era pequenita. (ainda hoje não sou muito grande...) e adorei!
Obrigada por partilhar estes conhecimentos e estas imagens
Estas Festas como se pode perceber têm custos muito elevados, de modo que, em princípio, só se efectuam de 4 em 4 anos. Parece que já houve mesmo intervalo maior.Eu estive lá em 2003. O ano passado, 2007, fizeram-se também. Então, acreditamos, que que em 2011 possamos de novo usufrir deste belo espectáculo. Vamos fazer cedo as respectivas reservas no Hotel dos Templários porque, acreditem,esgota sempre a lotação!
Eu, que tenho a mania de que conheço quase tudo, nunca fui ás Festas de Tomar. E como são famosas...
Acontece-me o mesmo com as Festas de Campo Maior...
Só pode ser burrice da minha parte...
Ando há anos a prometer a mim próprio que lá irei um dia, mas esse dia não tem aparecido.
Obrigado por esta partilha.
Um abraço
António
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