Como tudo começou

20/06/08

SÃO JOÃO BAPTISTA


Segundo o Evangelho de São Lucas, João Baptista era filho do sacerdote Zacarias e Isabel prima de Maria, mãe de Jesus. Foi profeta e considerado pelos cristãos como o precursor do prometido Messias, Jesus Cristo. Baptizou muitos judeus, incluindo Jesus, no rio Jordão, e introduziu o baptismo de gentios nos rituais de conversão judaicos, que mais tarde foram adoptados pelo cristianismo.
A aura de João Baptista não se confina só ao âmbito da Igreja Católica pois, num sentido universal ele é considerado um homem bom. Sabemos que esteve vários anos num local deserto, fazendo vida de asceta, alimentando-se de água das chuva, frutos silvestres e mel. É uma das figuras mais respeitadas da historia judaico-cristã e, a sua vida, é igualmente admirada pelos muçulmanos, sendo também venerado na Turquia , bem como em várias zonas do Oriente.
Quando se encontrava em pregações na Galileia, ao tempo, o poder estava nas mãos de Herodes Antipas, filho daquele outro Herodes que ficou ligado à matança dos inocentes. Acontece que Herodes repudiara a sua mulher legítima para ficar a viver com a cunhada Herodíades. Esta atitude era motivo de descontentamento por ser sacrílego segundo os costumes da lei e, João Baptista foi um dos que teve mesmo a coragem de o afirmar ao próprio Herodes, acrescentando até que, se não fosse modificada a situação, cairia uma maldição sobre Israel. Ao que parece, Herodíades não terá gostado disto e, por sua influência, João Baptista foi metido numa prisão.

Segundo reza a história, num dia 29 de Agosto, durante um banquete, Salomé, jovem lindíssima, filha de Herodíades e sobrinha de Herodes, terá dançado para os convidados e o agrado foi de tal ordem que, Herodes lhe pediu uma segunda dança. Ela recusou, Herodes insistiu, prometendo que a paga disso seria à escolha dela. Foi quando Salomé pediu ao tio a cabeça degolada de João Baptista, numa bandeja de prata. Este foi, segundo chegou até nós, o fim do profeta João Baptista.

Mas, depois destes dados históricos, quero deixar nos leitores uma impressão menos pesada e falarei agora da forma como o povo venera também, no mês de Junho, este S.João, que aparece representado nos altares apenas vestido com uma pele de carneiro e um cordeirinho aos pés.
Também o encontramos nos tronos que as crianças fazem pelas ruas, pedindo a tal moedinha em seu nome. Do mesmo modo se fazem arraiais, se canta , se dança, se comem sardinhas assadas, ou carnes, se ouvem foguetes, há arcos e balões, se vendem manjericos, enfim, os “condimentos” são comuns aos festejos dos Santos de que o povo português gosta. Todo o país, geralmente festeja de forma idêntica os Santos de Junho, mas no que respeita ao S.João o que logo me lembra é Braga e o Porto.

Falarei do Porto, neste caso, apenas porque conhecer melhor. O 24 de Junho é também o seu Feriado Municipal e, o Santo, que aqui é designado por “S.João do Porto”, foi escolhido igualmente para seu padroeiro. A lenda refere um eremita que terá vivido e morrido em Tuy no Sec IX. Mais tarde, no Sec XII, a Rainha D. Mafalda (mulher de D. Afonso Henriques) terá sido portadora de relíquias suas, que foram depositadas na Igreja da N.S. da Consolação, no Porto. Duas pessoas diferentes ou não, este S.João, apresenta-se com imagem semelhante àquele falado antes, também vestido com a pele de carneiro e tudo. A dúvida poderá ser desfeita por alguém mais informado que eu.

Os festejos começaram essencialmente na zona das Fontaínhas, mas foram-se alargando afinal a todos os locais onde o povo entendeu que a festa poderia existir. Todos os tripeiros vivem intensamente a comemoração do seu Padroeiro. Saem para a rua já na véspera e, a festa, estende-se pela madrugada fora e dia seguinte. Aos grupos que se formam e vão percorrendo as ruas, cantando e dançando chamam-se “rusgas”. Também se vendem os vasos de manjericos e é uso comer-se nas tasquinhas além das sardinhas, bifanas e aínda cabrito. Além de se ver aqui, tudo o que é habitual em festas do género, há ainda dois costumes curiosos:_ Um, refere-se à erva cidreira usada para dar a cheirar, em especial às raparigas, outro, o de levar na mão um “alho porro” com o qual que se vai batendo na cabeça daqueles com quem nos vamos cruzando. Acrescento, no entanto, que o dito “alho porro” já foi cedendo lugar aos martelinhos de plástico, embora, a função de acertar nas cabeças de quem passa, se mantenha à mesma, só que, mais ruidosa!
Por aqui me fico neste breve apontamento referente ao segundo Santo Popular que se festeja em Junho.

M.A.

2 comentários:

Anónimo disse...

Viva o S João! Viva o Porto! Viva a cidreira! Viva o alho porro!

As tasquinhas ainda existem????

Oh meu rico S João
que do Porto és padroeiro
leva a cidreira, leva o alho
mas esconde com o teu cordeiro
as tasquinhas afamadas
dos olhares insinuosos
qua andam aí às palmadas
nos comes e bebes briosos.....

Anónimo disse...

Não sou muito de venerar os santos, mas este, pela sua simplicidade, e pela sua bondade tive sempre uma certa admiração por ele.
No Porto tudo é vivido com muita intensidade. Seja pelos footebois, pelo Santo Padroeiro, pelo Palácio de Cristal pela Casa da Música etc. etc. etc... Quem dera que os do Sul tivessem a mesma garra.

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

Localização

Localização
Localização