Como tudo começou

28/08/08

escultura



«Pedras parideiras» é a designação popular para um fenómeno geológico raríssimo, que em Portugal só ocorre nas proximidades da Frecha da Mizarela, na Serra da Freita, mais concretamente junto de uma pequena aldeia chamada Castanheira, que pertence à freguesia de Albergaria da Serra, concelho de Arouca, distrito de Aveiro. No resto da Europa, este fenómeno só acontece num ponto da Rússia.


No referido local do alto da Serra da Freita existe um afloramento granítico, que tem disseminados pelo seu interior uns nódulos rochosos revestidos de biotite (mica preta) e com uma forma biconvexa.Por acção da erosão, os nódulos que ficam à superfície da rocha granítica acabam por se soltar e, segundo se diz, chegam mesmo a saltar da rocha. A explicação para este fenómeno é simples. A biotite que reveste os nódulos, como é uma mica, tem muito pouca resistência mecânica, fracturando-se em folhas. A água da chuva e do orvalho infiltra-se nas folhas da mica e no Inverno congela. Ao congelar, a água aumenta de volume. Com o aumento de volume, o gelo faz de cunha e força os nódulos a soltarem-se da rocha granítica. Diz então o povo da região que os nódulos são «paridos» pela «pedra parideira».Acredita o povo da serra que existe um processo contínuo de formação de nódulos no interior das pedras parideiras e que os nódulos vão migrando, pouco a pouco, em direcção à sua superfície, acabando por ser «paridos». Julga, portanto, o povo que as pedras parideiras são uma espécie de "organismo" mineral, que vai gerando contínua e incessantemente nódulos no seu interior e que os vai expelindo também incessantemente!As pedras parideiras têm sido alvo da curiosidade das pessoas que visitam a serra, muitas das quais não têm quaisquer escrúpulos em apanhar e levar para casa os nódulos «paridos». Chegou-se ao ponto de ser relativamente difícil encontrar nódulos, sobretudo no local mais próximo da aldeia de Castanheira. Este vandalismo levou a Câmara Municipal de Arouca a colocar um aviso no local, pedindo para que se não levassem pedras para casa. Parece que o aviso teve o efeito precisamente contrário; era como se dissesse: «Notem que é possível apanhar as pedras e levá-las para casa»! Por fim, a Câmara resolveu vedar uma parte da zona das pedras parideiras com uma rede. Vamos lá ver quanto tempo é que a rede vai durar, se é que já a não destruíram também, pois já não vou ao local há algum tempo. Quando será que os portugueses terão um mínimo de civismo?
(Elementos recolhidos em “Matéria do Tempo” - Net
M.A.
Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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