Como tudo começou

24/09/08

OS GLOBOS DE CORONELLI





SÃO UM MILAGRE DA TÉCNICA DO SEC. XVII.
TEREM SOBREVIVIDO É OUTRO MILAGRE

São instrumentos frágeis, feitos em madeira e papel. São testemunhos preciosos de uma época, com a sua ciência, a sua arte e as suas aspirações. Têm mais de três séculos e muitos meses de trabalho de equipas especializadas, na recuperação que lhes foi feita em 2005. São os dois globos da Sociedade de Geografia de Lisboa:Um terrestre e outro celeste.
Constituem o maior e mais precioso par de globos existentes em Portugal. Aparecem à cabeça de uma lista pacientemente compilada através dos anos pelo comandante Estácio dos Réis, ilustre estudioso de instrumentação científica..

Datam de 1693 e foram construídos pelo maior fabricante de globos até hoje conhecido. Marco Vincenzo Coronelli, nascido em 1650 e falecido em 1693. Foi cosmógrafo da Sereníssima República Veneziana. Dedicou a sua vida à cartografia e ao fabrico de globos celestes e terrestres. Os seus trabalhos eram obras primas do rigor científico e técnico e eram também exuberantes e coloridas obras de arte. Em 1681 encomendaram-lhe dois grandes globos para Luís XIV . Foram os maiores que fez na sua carreira. Cada um tem 3,85 m. de diâmetro e permaneceu dois anos em Paris para satisfazer a encomenda.

Os globos de Coronelli, tal como tantos outros da época, rodam em torno de um eixo colocado sobre uma base de madeira e possuem dois anéis externos. Um deles, metálico, chamado anel meridiano, está fixo nos dois pólos representando pois qualquer meridiano celeste ou terrestre. O outro, habitualmente de madeira, chamado anel do horizonte, está disposto horizontalmente.
Não se sabe quem foi o primeiro proprietário destes globos que estão na Sociedade de Geografia, mas, sabe-se que apareceram em 1723, em Haia, num leilão, onde o embaixador D. João Gomes da Silva (1671-1738), Conde de Tarouca, os comprou, para D. João V dizendo parecer-lhe “que são bem dignos” da Biblioteca Real que o soberano, na altura organizava. Cada globo tem o diâmetro de 1,10 m. e é suportado por uma base de madeira e metal, com a tábua do horizonte onde está aplicado o papel gravado com o Zodíaco e um calendário. Não se conhece o caminho percorrido pelos globos, desde então. Naturalmente estiveram na dita Biblioteca, situada no torreão do Paço da Ribeira e foram transferidos para o Arsenal do Exército, após o Terramoto. Ao certo, sabe-se que o geógrafo e historiador Luciano Cordeiro (1844-1900) os encontrou aí, em 1878 e que, por despacho do então ministro da guerra, foram transferidos para a Sociedade de Geografia de Lisboa, onde têm estado na chamada Sala da Índia.
Depois de restaurados, os globos regressaram à Sociedade Portuguesa de Geografia onde é possível mantê-los em boas condições de conservação e onde o público os poderá apreciar. São obras de arte que atestam o génio de um homem e a ciência de uma época. E que hoje igualmente se admiram pelo engenho dos modernos na conservação deste testemunho.

1 e 2 Globos de Coronelli
2-Globos de Williem Blaue, Sec.XVII. Museu da Marinha em Lisboa
3-Um dos globos Coronelli em fase de restauro no Instituto Português de Recuperação e restauro.

Excerto de um escrito de Nuno Crato, Professor de Matemática e Estatística do ISEG e publicado no “Club do Coleccionador”

M.A.

4 comentários:

Elvira Carvalho disse...

E além do mais eram lindos e enquadravam-se perfeitamente na decoração.
Um abraço

M disse...

Sempre adorei esses globos... imagino-me sempre a pô-los a rodar e depois pará-los com o dedo e onde o dedo apontar, será o meu próximo destino :)

Anónimo disse...

São lindos e deviam dar um jeitão na altura.

Anónimo disse...

Respondendo a m:

Como muito bem disse António Gedeão É o sonho que comanda a vida!"

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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