05/10/08
AMIGOS...
Camilo Castelo Branco (16-3-1825 / 1-6-1890) o grande escritor português foi, para além de romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor.
Teve uma vida bastante atribulada e quando um dia acabou por cegar isso contribuiu também para lhe apressar a morte.
Este soneto, muito pouco conhecido, que hoje vos trago, é justamente, do período em que doente e já ser ver, faz uma crítica amarga, ao afastamento daqueles que havia considerado seus amigos até então.
OS AMIGOS
Amigos, cento e dez, ou talvez mais
Eu já contei. Vaidades que sentia:
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais!
Amigos, cento e dez, tão serviçais
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que já farto de os ver me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.
Um dia adoeci profundamente:
Ceguei. Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.
_Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver!...
_Que cento e dez impávidos marotos.
Camilo Castelo Branco
( da Revista Ilustrada)
Também hoje, infelizmente há quem deixe de aparecer quando, a alguém as coisas começam a correr menos bem. O povo bem diz que é no hospital e na cadeia que os amigos se conhecem …
M.A.
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Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense
3 comentários:
É, de facto, uma quase verdade.
Uma verdade absoluta, eu sei!
Tenho um amigo que esteve muito doente, todos os dias o único amigo que o visitava era o meu marido.
Quando o meu marido adoeceu, ele retribuiu da mesma forma.
Sempre actual o Sr. Camilo.
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