Como tudo começou

21/04/09

AS MANAS PERLIQUITETES

As manas Perliquitetes


Quase me atreveria a jurar que todos ouviram já, numa brincadeira qualquer, em que se deseja meter alguém ao ridículo, fazer-lhe a comparação com as “Manas Perliquitetes”. Se, julga, tal como eu própria pensava, que seriam figuras imaginárias, desiluda-se pois existiram realmente segundo nos conta Marina Tavares Dias na sua obra maravilhosa “Lisboa Desaparecida”. Fui lá buscar esta informação e a foto com que abro este post.

Chamavam-se elas Carolina Amália e Josefina Adelaide Brandi Guido e eram filhas de um abastado comerciante de origem italiana, estabelecido na Baixa de Lisboa. Um seu irmão terá delapidado a fortuna que tinham e, por morte do pai, a família procurou salvaguardar o que restava com vista à subsistência das duas irmãs.
Mudaram de casa e quis o destino que ficassem vizinhas de um dos maiores boémios alfacinhas, Luís de Almeida de Mello e Castro. É justamente este boémio que lhes dá a alcunha, apresentando-as como «As minhas pupilas, as Manas Perliquitetes.» E assim ficaram para a história lisboeta.

Ao que parece, as suas indumentárias eram, já nesta altura, um tanto extravagantes, com fatos e chapéus fora de moda, por certo o que lhes ficara dos tempos áureos. E, isso, mais se acentuou com o decorrer dos anos, porém, de um adorno não prescindiam, usavam sempre uma flor na lapela! Também eram receptivas a alguns namoros e, no seu caminhar saltitante foram-se tornando presença diária, acima e abaixo no Chiado. Pouco a pouco transformaram-se em figuras típicas, aparecendo nas coplas de Revistas teatrais, chegando também, o próprio Bordallo Pinheiro, a retratá-las nos jornais humorísticos.
Mas, os seus dias foram-se tornando cada vez mais difíceis e a miséria foi avançando. Josefina Adelaide foi a que sobreviveu à irmã , acabando também por morreu em 10 de Setembro de 1907 e, ser enterrada com o produto de uma subscrição feita pelo O Século.
Então… ironia do destino, pela primeira vez, Lisboa ofereceu-lhe um vestido novo e no pino da moda!

Esta última frase fez-me vir ao pensamento aquela velha quadra:

Quando eu morrer, rosas brancas,
para mim, ninguém as corte.
Se as não tive na vida,
Não fazem falta, na morte!

M.A.

10 comentários:

mjf disse...

Olá!
Interessante..
Obrigada pela partilha :=)

Beijocas

V. disse...

Também eu pensei que fossem figuras imaginárias :)

Rosa M. disse...

Olha que engraçado! Eu, que desde criança ouvi referências a essas irmãs jamais pensei que tivessem existido ainda que como alcunha!
Como tenho dito, é sempre um prazer ler este blogue que é igualmente uma fonte de conhecimentos.
Obrigado por isso.
Jinhos!

f@ disse...

Sublime este post...
estive a ver bem a foto e achei os sapatos mto giros...

beijinhos

Fatima disse...

Julgo que estas manas são satirizadas no filme Português "O Pátio das Cantigas".
Excelente divulgação Amélia.

Gi disse...

Até fiquei emperliquitada com isto. Gostei de saber; foram, igualmente, as precursoras da Lili Caneças.

quica disse...

Também ouvi falar destas manas, mas julguei que era ficção.

Armando disse...

http://diasquevoam.blogspot.com/2007/07/as-manas-perliquitetes.html

Máti disse...

Adorei a informação sobre as manas Perliquitetes. Tal como já alguém disse sempre ouvi o comentário que ridicularizava alguém que se vestia de uma certa maneira... A graça é que esse comentário passou gerações e a mais antiga que ouvi foi à minha avó paterna que nasceu em 1912, já depois da última das manas ter falecido.

Simecq.Cultura disse...

Máti:

Obrigada pela visita.
Como vê, as Manas Perliquitetes ficaram recordadas precisamente pelo que, naquela altura, seria a sua falta de meios para se vestirem de uma forma mais convencional e de acordo com a moda.
Volte sempre. M.A.

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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