Tenho uma amiga licenciada em Direito, que, depois de exercer durante alguns anos a profissão de advogada, aqui em Lx., se tornou notária numa vila alentejana. Hoje, já reformada, recorda, por vezes, alguns dos episódios curiosos da sua carreira.
Ouvi-lhe há dias esta deliciosa história na qual umas comadres alentejanas pretenderam “enrolar” a, na altura, jovem advogada:
_Aí pela década de 50, certa noite, em horas já avançadas, apareceu-lhe à porta alguém a pedir para ela se deslocar a um monte a fim de fazer um testamento.
Sem hesitação a boa da minha amiga saltou para o que ela designou como um carro de parelha, no qual viera o emissário e, lá seguiram até ao dito monte situado numa zona rural próxima.
Lá chegados, explicaram-lhe que seria o dono da casa o pretenso interessado nos seus serviços.
Lá chegados, explicaram-lhe que seria o dono da casa o pretenso interessado nos seus serviços.
A iluminação do interior estava um tanto mortiça – disse - ainda feita com candeeiros de petróleo e, lá se foram encaminhando então, para um dos quartos, onde se encontrava o tal compadre interessado em legar os bens.
Um homem estava recostado na cama, amparado por várias almofadas e, havia uma comadre colocada estrategicamente com um dos braços por trás do seu pescoço. O leitores já irão perceber o porquê deste último pormenor…
Para surpresa da minha amiga ( e, mal do compadre que ali estava,) este, afinal, tinha já dado a alma ao Criador, isto é… estava mais do que falecido! Como se depreende, tudo fôra encenado, para a jovem notária cair num conto do vigário!
Para surpresa da minha amiga ( e, mal do compadre que ali estava,) este, afinal, tinha já dado a alma ao Criador, isto é… estava mais do que falecido! Como se depreende, tudo fôra encenado, para a jovem notária cair num conto do vigário!
Só que, ela nunca foi pessoa para brincadeiras e irritada com a desfaçatez das comadres tratou foi de lhes passar logo um valente raspanete e ameaçá-las mesmo com a prisão por aquela fraude intentada. Então, a tal comadre que imaginamos encarregada de abanar a cabeça do defunto, para os "sins" e para o "nãos", manhosamente, ainda tentou explicar o mutismo do homem desta forma:
_«Não!… olhe, srª. doutora… o compadre só não falou ainda porque ele sempre foi muito envergonhoso!...»
Claro, que só pela ignorância das comadres quanto à forma como um testamento se processa, poderíamos acreditar que isto tivesse o desfecho que elas esperavam. Foi portanto o que se pode chamar, uma esperteza alentejana… abortada! Mas, pelo menos a mim, a história fez-me rir. Pela ideia delas, pelo imaginar de toda a cena e, sobretudo, pela deliciosa explicação final, com o curioso termo "envergonhoso", razão pela qual o compadre se mostrava... tão calado!...
M.A.
_«Não!… olhe, srª. doutora… o compadre só não falou ainda porque ele sempre foi muito envergonhoso!...»
Claro, que só pela ignorância das comadres quanto à forma como um testamento se processa, poderíamos acreditar que isto tivesse o desfecho que elas esperavam. Foi portanto o que se pode chamar, uma esperteza alentejana… abortada! Mas, pelo menos a mim, a história fez-me rir. Pela ideia delas, pelo imaginar de toda a cena e, sobretudo, pela deliciosa explicação final, com o curioso termo "envergonhoso", razão pela qual o compadre se mostrava... tão calado!...
M.A.
2 comentários:
Olá!
Viver não custa...custa é saber :=9
;=)
Beijocas
E lá se foi o testamento, e ainda dizem que os alentejanos são lentos de raciocínio.
Enviar um comentário