Como tudo começou

10/09/09

ESTAÇÃO DO ROSSIO, NUM FIM DE TARDE


Num fim de tarde, no terraço superior da Estação Ferroviária do Rossio, demos connosco com o pensamento a divagar sobre o que o nosso olhar ia captando em redor. É, então, disso que falaremos no apontamento de hoje:

Defronte de nós, um pouco afastado, o Castelo de S. Jorge, antigamente denominado Castelo dos Mouros, cuja construção primitiva, de tão remota, se perde nos tempos, chama desde logo a nossa atenção, pela posição que ocupa, sobranceira à cidade. Três episódios que a história a ele associa acorreram à nossa memória.
Verdade ou lenda, por exemplo, diz-se que, durante o cerco de Lx., (1147) Martim Moniz morreu entalado numa das portas do castelo, permitindo, com o sacrifício da sua vida, franquear a entrada dos restantes cavaleiros e peões sitiantes para o interior da fortaleza. Foi com a tomada do castelo que terminou o domínio muçulmano na cidade de Lisboa e que o Castelo ficou então sob a invocação que tem até hoje, a de S. Jorge.
Mais tarde, em Agosto de 1499, foi ali também que D. Manuel I, com pompa e honras, terá recebido Vasco da Gama, após o seu regresso da viagem da descoberta do caminho marítimo para a Índia.
E , já no Sec. XVI, ali também, se estreou a 1ª peça de teatro português, comemorativa do nascimento de D. João III, o “Monólogo do Vaqueiro”, de Gil Vicente. Diz a História que a representação se fez na presença de toda a Corte, na câmara da Rainha, ainda parturiente… Roque Gameiro inspirou-se e imaginou numa tela este sarau de teatro.



Enquanto a ideia ainda viajava por tempos idos, o nosso olhar deixou-se prender a um pormenor da cantaria de um dos muros da Estação.


_Estes dois fusos espiralados imitam a forma daqueles pequenos búzios que encontramos nos passeios à beira mar, pensamos nós. Lógico, pois não é sabido que, foi nos motivos marítimos que o estilo manuelino (neste edifício já não na sua forma mais pura) se foi inspirar? Reparando depois no friso que se lhes segue vislumbramos, desta vez, semelhanças, com as bonitas rendas de bilros. E, assim, a nossa imaginação lá foi voando livremente…
Agora, é o ruído do trânsito da cidade que nos desvia a atenção para a encosta mais à direita onde, o casario, acentuadamente pombalino, com pormenores que a incidência do sol mais fazia destacar, nos prendeu, por alguns momentos.


Que bonitas são as varandas em ferro trabalhado! Cada uma delas merecia mesmo uma foto com zoom!
E as águas furtadas, de onde, já alguém disse que, na cidade, se consegue ver o sol nascer mais cedo!


E que dizer, daquela original sacada, cujas três portas se destacam das demais pelo formato triangular dos vidros superiores? Junto ao telhado, até tem aquele remate com os recortes em zinco pintado, tão em voga nos chalets do Sec. XIX .

Foi com pena que, demos então conta, serem já horas de voltar para casa…
(Fotos da autora do post excepto a do quadro de Veloso Salgado que foi tirada da Net)
M.A.

2 comentários:

Gi disse...

M.A. sabia que, até final de Setembro, e aos fins-de-semana há uma iniciativa engraçada no Castelo de S.Jorge: uma visita nocturna guiada pelas muralhas para identificar várias espécies de morcegos que por lá andam.

De dia são pombos (que os corvos no bulício já eram) e à noite são morcegos.

M.A. disse...

Gi:
Não sabia, não! Mas, também não estou a programar ir a nenhuma dessas excursões nocturnas.Imagine que me deparava com o fantasma de algum...mouro encantado? É curioso que, ao escrever o post, pensei que, em tempos, existiam corvos dentro do castelo.Isto, possivelmente pela relacão com determinada lenda. Tentei averiguar se ainda por lá estariam mas, acabei por desistir. Pelo que contou, os corvos..."já eram"!
Volte sempre.

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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