Pela primeira vez trazemos aqui ao blog um poema de Afonso Lopes Vieira. Um clique sobre este nome, se acaso estiver em dúvida sobre quem foi este ilustre português e terá acesso à sua biografia.
Quanto ao poema, escolhido entre muitos da sua tão vasta obra literária, achamos ser interessante já que nele, o seu autor, numa rima impecável, dá-nos muitas e boas razões para nós, portugueses, sentirmos orgulho daquilo que outros povos poderão ter aprendido connosco. Faz parte do livro “Nova Demanda do Graal” editado em 1947.
Leiam-no pois, com atenção e reparem nas várias alusões à nossa história que encontramos nestas estrofes Será uma leitura que, elevará também a nossa auto estima o que é, igualmente agradável e desejável.
Quanto ao poema, escolhido entre muitos da sua tão vasta obra literária, achamos ser interessante já que nele, o seu autor, numa rima impecável, dá-nos muitas e boas razões para nós, portugueses, sentirmos orgulho daquilo que outros povos poderão ter aprendido connosco. Faz parte do livro “Nova Demanda do Graal” editado em 1947.
Leiam-no pois, com atenção e reparem nas várias alusões à nossa história que encontramos nestas estrofes Será uma leitura que, elevará também a nossa auto estima o que é, igualmente agradável e desejável.
M.A.
POIS BEM !
Se um inglês ao passar me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: - Pois bem!
se tens agora o mar e a tua esquadra ingente,
fui eu que te ensinei a nadar, simplesmente.
Se nas Índias flutua essa bandeira inglesa,
fui eu que t'as cedi num dote de princesa.
E para te ensinar a ser correcto já,
coloquei-te na mão a xícara de chá.
E se for um francês que me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: - Pois bem!
Recorda-te que eu tenho esta vaidade imensa
de ter sido cigarra antes da da Provença.
Rabelais, o teu génio, aluno eu o ensinei
Antes de Montgolfier, um século! voei
E do teu Imperador as águias vitoriosas
fui eu que as depenei primeiro, e ás gloriosas
o Encoberto as levou, enxotando-as no ar,
por essa Espanha acima, até casa a coxear
E se um Yankee for que me olhar com desdém,
Num sorriso de dó eu pensarei: - Pois bem!
Quando um dia arribei á orla da floresta,
Wilson estava nu e de penas na testa.
Olhava para mim o vermelho doutor,
- eu era então o João Fernandes Labrador...
E o rumo que seguiste a caminho da guerra
Fui eu que to marquei, descobrindo a tua terra..
Se for um Alemão que me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: -Pois bem!
Eras ainda a horda e eu orgulho divino,
Tinha em veias azuis gentil sangue latino.
Siguefredo esse herói, afinal é um tenor...
Siguefredos hei mil, mas de real valor.
Os meus deuses do mar, que Valhala de Glória!
Os Nibelungos meus estão vivos na História.
Se for um Japonês que me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: -Pois bem!
Vê no museu Guimet um painel que lá brilha!
Sou eu que num baixel levo a Europa á tua ilha!
Fui eu que te ensinei a dar tiros, ó raça
belicosa do mundo e do futuro ameaça.
Fernão Mendes Zeimoto e outros da minha guarda
foram-te pôr ao ombro a primeira espingarda.
Enfim, sob o desdém dos olhares, olho os céus;
Vejo no firmamento as estrelas de Deus,
e penso que não são oceanos, continentes,
as pérolas em monte e os diamantes ardentes,
que em meu orgulho calmo e enorme estão fulgindo:
- São estrelas no céu que o meu olhar, subindo,
extasiado fixou pela primeira vez...
Estrelas coroai meu sonho Português !
P.S.
A um Espanhol, claro está, nunca direi: - Pois bem !
Não concebo sequer que me olhe com desdém.
num sorriso de dó eu pensarei: - Pois bem!
se tens agora o mar e a tua esquadra ingente,
fui eu que te ensinei a nadar, simplesmente.
Se nas Índias flutua essa bandeira inglesa,
fui eu que t'as cedi num dote de princesa.
E para te ensinar a ser correcto já,
coloquei-te na mão a xícara de chá.
E se for um francês que me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: - Pois bem!
Recorda-te que eu tenho esta vaidade imensa
de ter sido cigarra antes da da Provença.
Rabelais, o teu génio, aluno eu o ensinei
Antes de Montgolfier, um século! voei
E do teu Imperador as águias vitoriosas
fui eu que as depenei primeiro, e ás gloriosas
o Encoberto as levou, enxotando-as no ar,
por essa Espanha acima, até casa a coxear
E se um Yankee for que me olhar com desdém,
Num sorriso de dó eu pensarei: - Pois bem!
Quando um dia arribei á orla da floresta,
Wilson estava nu e de penas na testa.
Olhava para mim o vermelho doutor,
- eu era então o João Fernandes Labrador...
E o rumo que seguiste a caminho da guerra
Fui eu que to marquei, descobrindo a tua terra..
Se for um Alemão que me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: -Pois bem!
Eras ainda a horda e eu orgulho divino,
Tinha em veias azuis gentil sangue latino.
Siguefredo esse herói, afinal é um tenor...
Siguefredos hei mil, mas de real valor.
Os meus deuses do mar, que Valhala de Glória!
Os Nibelungos meus estão vivos na História.
Se for um Japonês que me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: -Pois bem!
Vê no museu Guimet um painel que lá brilha!
Sou eu que num baixel levo a Europa á tua ilha!
Fui eu que te ensinei a dar tiros, ó raça
belicosa do mundo e do futuro ameaça.
Fernão Mendes Zeimoto e outros da minha guarda
foram-te pôr ao ombro a primeira espingarda.
Enfim, sob o desdém dos olhares, olho os céus;
Vejo no firmamento as estrelas de Deus,
e penso que não são oceanos, continentes,
as pérolas em monte e os diamantes ardentes,
que em meu orgulho calmo e enorme estão fulgindo:
- São estrelas no céu que o meu olhar, subindo,
extasiado fixou pela primeira vez...
Estrelas coroai meu sonho Português !
P.S.
A um Espanhol, claro está, nunca direi: - Pois bem !
Não concebo sequer que me olhe com desdém.
Afonso Lopes Vieira
3 comentários:
Conheci uma familiar deste senhor das letras.
Tem uma vasta obra.
Este poema mostra o seu lado patriota.
fantástico se me permite irei roubá-lo para o VF.
Quica:
Esse círculo de relações é mesmo muito alargado. Abraços!
Enviar um comentário