Como tudo começou

03/12/10

A ÁGUA É UM BEM DEMASIADO PRECIOSO PARA SER DESPERDIÇADO



Nunca será demais, leitores, chamar a atenção para que todos nós tenhamos consciência da necessidade, de evitar os desperdícios da água.
Sabemos que os recursos hídricos do planeta estão a diminuir e, em alguns pontos do globo, obter água para as necessidades mais básicas é já um problema bastante sério. A TV entra pelas nossas casas com imagens de gente que palmilha longas distâncias em busca deste bem que, sem exagero, merece a classificação de precioso.
O apelo, no vídeo que se segue, está muito bem imaginado e chega às pessoas de uma forma bastante enternecedora.




Na minha vida há um período de tempo passado na Ilha do Sal, em Cabo Verde, onde posso afirmar-vos tive um convívio humano muito rico mas, vivi também, efectivamente, a experiência da escassez da água.
Dois únicos poços existiam na ilha, o poço da Terra Boa e o Poço Verde. A água deles retirada era absolutamente imprópria para o consumo humano e até dos animais, segundo os termos da análise feita aqui em Lisboa, tendo sido mesmo aconselhado aterrar os ditos poços, uma vez que nem com a fervura se eliminavam todos os elementos nocivos daquela água.
Contudo, a verdade é que era esta a água utilizada pela população em geral!… Água engarrafada era luxo de muito, muito poucos.
Isto, decorria no ano de 1962 quando algumas unidades militares estavam lá, em comissão de serviço. As febres tifóides e outras, similares, eram uma constante. Eu própria passei um mau bocado quando elas me bateram à porta também.
Fora instalado na ilha um destilador que permitia transformar a água do mar em água potável, mas verificando-se que cada m3. saia pelo preço de Esc. 62$50, este custo foi considerado demasiado alto e, quem teve poder de decisão, mandou suspender a actividade desta instalação. Felizmente houve também, a visita de determinado Chefe Militar que, ao ter conhecimento disto, conduziu as coisas no sentido de o dito destilador voltar a funcionar outra vez.
Não vos digo qual era o paladar desta água, mas… pelo menos não voltei a ter as tais febres e, ainda por cá ando.
Já agora, deixarei mais uns episódios algo curiosos, relacionados também com a minha estada no Sal:

_ Existiam, espalhados pela ilha, uns burros pequenos, com uma cabeça enorme e rebanhos de cabras com um certo ar escanzelado. O sustento destes animais eram trapos e papel velho e, quando lhes era permitido roubar o trapo sujo de óleo que, em alguma oficina de automóveis, um mecânico tivesse deixado a jeito era dia de festa, num instante ele desaparecia goela abaixo!

Só uma única vez eu vi chover lá na ilha e , apenas, por um curto espaço de tempo. As crianças vieram para as ruas rindo, pulando, de boquitas voltadas para o alto como desejando sorver toda aquela água que caía do céu.
O solo, cor de barro, ávido de humidade, de um dia para o outro tomou-se verde, pela erva rasteira que nele nasceu. Os animais apressaram-se, a ir comer aquela apetitosa verdura mas, claro, pobres deles, pouco habituados a estes «luxos alimentares», logo ficaram com os intestinos virados do avesso, como se adivinha.
M.A.

2 comentários:

Quica disse...

Muitas guerras se fazem pela luta deste bem precioso.

No sábado estava eu na cozinha com o meu neto a lavar uns legumes, disse-lhe que ia fechar a torneira,para não desperdiçar água que é essencial a todos nós. Respondeu-me "avó o Vasco disse que a água é um bem pexioso" o Vasco é o guia do Oceanário. Esta mentalização tem de ser feita às crianças, num futuro próximo, são eles os mais afectados.

M.A. disse...

Quica:

Muito bem dito Senhora Avó!...

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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