Como tudo começou

29/08/11

AS CRIANÇAS CONTINUAM SENDO O MELHOR QUE O MUNDO TEM




Marta, a minha neta mais nova tem nesta altura oito anos e mostra-se sempre interessada em tudo que para ela constitua novidade.
Dias atrás, o fenómeno da morte tocou-a na pessoa da avó dos seus primos, senhora que, pela proximidade e convivência que ia existindo na família, adoptou a Marta como se sua neta fosse também. Se era a “Avó Ana” para os netos verdadeiros… extensivo ficou, também, o mesmo tratamento, para a Marta, desde muito pequenina.
Porque o meu filho e nora não quiseram deixar de falar à miúda no falecimento da Avó Ana e tendo ela manifestado o desejo de ir ao funeral, eles acederam, por entender que seria a oportunidade de, pela primeira vez, ela tomar contacto com esta triste realidade e com o cerimonial próprio.
Assim, com alguma surpresa minha vi chegar pai e filha ao local do velório.


Após os cumprimentos, a garota sentou-se ao meu lado, iniciando-se pouco depois, entre nós, em surdina, o seguinte diálogo:
_Sabes avó, eu queria trazer uma flor à Avó Ana mas, como o pai vinha já atrasado, prometeu-me que depois íamos levar uma, àquele sítio - não me lembra o nome - para onde depois levam a Avó Ana…
_Mas - perguntei eu - se calhar, tu gostavas mais de ter agora a tal flor, não era?
Ela abanou afirmativamente a cabecita e eu, sorrindo, disse então:
_Deixa, que eu vou ser capaz de resolver já esse assunto…Como eu trouxe flores para a Avó Ana, vou alí buscar uma delas para ta dar a ti.
Levantei-me, fui retirar um botão de rosa, branco, ao ramo que levara e entreguei-o à miúda que, de seguida, em bicos de pés o foi deixar sobre o caixão.
Mais tarde, já reunidos num cemitério de aldeia, a atenção da garota manteve-se constante, durante as orações finais e a descida do corpo à terra .
Tudo decorria serenamente, sem cenas emotivas susceptíveis de perturbarem a criança.
Distanciadas uns dois ou três metros de nós, as flores retiradas do auto fúnebre, esperavam em monte, o destino final.
Em dado momento, a Marta afastou-se em direcção a elas, olhou, estendeu a mão e, sem precisar de andar à procura, logo encontrou o seu botão de rosa, trazendo-o consigo. Ficou com ele seguro, enquanto com a outra mão afagava as pétalas brancas.
Quando já tinham sido depostas as flores sobre a campa, encaminhou-se para lá deixando, finalmente, o seu botão de rosa no cimo de todas as outras. A Avó Ana, por muito distraida que estivesse, não deixaria de ver aquela em primeiro lugar!.....

Faço aqui um parêntesis para explicar que, na Avó Ana, conheci sempre uma santa alma, incapaz de magoar ou ofender quem quer que fosse, manifestando sempre, além disto, o que geralmente denominamos por uma bondade sem limites.
Acredito que lá no Além, onde agora se encontra em Paz, a Avó Ana terá recebido, inteirinha, no seu coração, a homenagem tão cheia de pureza e simplicidade desta criança. Penso não ter exagerado em dar o título que dei a este post.
P.S. –Não foi a primeira vez que falei desta neta aqui no blog. Se quiser recordar o que dela já foi dito faça-o aqui, aqui e aqui.
M.A.

4 comentários:

Zé disse...

Bonito......
como só a minha sobrinha sabe,
e a Avó dela para passar a escrito!
A Avó Ana merece.

Quica disse...

Um gesto lindo, a avó atenta satisfez o seu desejo.

Não me admira que a Marta seja assim, com uma família maravilhosa, o resultado, é na realidade, o título do post.

Avô disse...

Esta descrição da Avó está Perfeita. Como só Ela sabe fazer. Há aqui muito Amor, muito do saber compreender os sentimentos de uma Criança que é nossa Neta e que foi muito bem orientada por seus Pais. Para a Avó um Beijo especial, para a Neta o desejo que mantenha, pela vida fora, uma tão Grande Sensibilidade e para a Avó Ana que sinta a Eterna Saudade da sua Neta Adoptiva.

Anónimo disse...

Oh Marta.. eu nem tenho palavras!

Fatima Camilo

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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