Como tudo começou

10/05/13

CARTA A DEUS




Ouvi e vi, no serão de ontem, na TV, uma entrevista feita pela Fátima Campos Ferreira a Miguel Esteves Cardoso que se apresentou acompanhado de sua mulher Maria João Pinheiro. Foram abordados temas de interesse geral e também outros assuntos  relacionados, por exemplo, com o casamento deles e com a grave doença que atingiu e, quase vitimou Maria João.
Foi justamente nesta parte da entrevista que eu relembrei um facto que, na altura emocionou muitos leitores do jornal Público.
 Creio que terá sido um dia  depois da operação que retirou  o tumor que Maria João tinha alojado no cérebro, quando a situação era ainda muito melindrosa, que Miguel  escreveu uma das mais sentidas, inspiradas  e comoventes crónicas que publicou no jornal. É um texto muito bem escrito, que digamos constitui como uma curiosa conversa entre um marido e Deus, terminando com um expressivo apelo pela saúde do  amor da sua vida.
Ele intitulou esta crónica de “CARTA A DEUS”
Fui procurá-la para que os nossos leitores a possam conhecer também e tenham oportunidade de reflectir sobre a mesma:



“Deus,
Bem avisaste que eras um Deus invejoso e vingativo. Também sei que Job era um caso-limite: uma ameaça do que eras capaz. Nem eu nem a Maria João temos um milésimo da obediência e da resignação de Job. E castigaste-nos menos. Mas foi de mais. 

De certeza absoluta que nos amamos mais um ao outro do que te amamos a Ti. Sabemos que isto não está certo. Mas foste Tu que nos fizeste assim. Admite: deste-nos liberdade de mais. Foste presunçoso: pensaste que Te escolheríamos sempre primeiro. Enganaste-Te. Quando inventaste o amor, esqueceste-Te de que seria mais popular entre os seres humanos do que entre os seres humanos e Tu. Por uma questão de tangibilidade. E, desculpa lá, de feitio. Tu, Deus, tens o pior das arrogâncias feminina e masculina. Achas que só existes Tu. Como Deus, até é capaz de ser verdade. Mas, para quereres ser um Deus real e humanamente amado, tens de aprender a ser um amor secundário. Sabemos que és Tu que mandas e acreditamos que há uma razão para tudo o que fazes, mesmo quando toda a gente se lixa, porque não nos deste cabeça para Te compreender. Esta deficiência foi uma decisão tua: não quiseste dar-nos a inteligência necessária. 

Mas deste-nos cabeça suficiente para Te dizer, cara a cara, que nos preocupamos mais com os entes amados do que contigo. Ajuda a Maria João, se puderes. 

Se não puderes, não dificultes a vida a quem pode ajudar. Faz o que só um Deus pode fazer: reduz-te à tua significância. Que é tão grande.”



E pronto amigos, espero que tivésseis gostado. Saúde e felicidade para todos vós e que o fim de semana que se aproxima seja passado com muita paz, muito amor  e muita alegria.

Nota- Imagem retirada da net.

M.A.

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