Como tudo começou

22/04/08

Ermida de Nossa Senhora da Boa-Viagem

Ao virmos de Lisboa, quando atravessamos a ponte da Estrada Marginal ou a ponte da antiga Estrada Real sobre o Jamor, deparamos à nossa frente com uma elevação florestal.

Se essa verde mancha é de rara beleza, há anos que tal paisagem era enriquecida pela visibilidade de três características construções que actualmente se encontram encobertas pelos pinheiros, cedros e outras árvores. Desbastado um pouco o arvoredo, e criado clareiras ao redor de tais edificações, voltaremos a deparar com o Farol do Esteiro - um dos tais "pirilampos" que à noite orientam a entrada dos navios da barra - a Marca Geodésica (a que chamávamos a garrafa) e que durante o dia tem funções similares às do farol - e no extremo junto à curva que dobramos quando nos encaminhamos para Queijas, temos a bela Ermida de Nossa Senhora da Boa-Viagem com o seu miradouro, de uma vista deslumbrante sobre o Tejo e o Atlântico.

Integrada no pequeno vale das "Terras do Cano", entre o "Alto do Esteiro" e o "Alto do Reduto Sul", do Forte de Caxias, este local teve ao longo dos séculos diversas ocupações e transformações.

Assim, no Século XVII, foi edificado no local um convento destinado a albergar frades arrábicos. Este convento foi designado de Nossa Senhora da Boa Viagem, tendo sido mandado construir por António Faleiro de Abreu. A Imagem Padroeira atingiu então a aura dde grande milagreira, sendo venerada pelo "(…) homens do mar (…) e pelas senhoras nobres e reais em transes de maternidade (…) traduzida em dádivas e promessas de jóias e outras preciosidades".

No mesmo século, em 1649, o Conde de Cantanhede, D. António Luís de Meneses, manda construir no monte da Boa Viagem uma pequena fortificação. Todavia, este ponto fortificado que se integrava na linha de defesa da Barra do Tejo, estava já abandonado e em ruína nos finais do Século XVIII. Refere Carlos Callixto, em relação ao Forte de Nossa Senhora da Boa Viagem: "(…) Não tendo sido reedificada esta fortificação, pela tão grande altura a que se situava das águas do rio, considerada inútil para a sua defesa (…)"

No decurso do Século XIX, com a extinção das ordens religiosas, o convento foi abandonado, tendo posteriormente os edifícios sido reconstruídos e ampliados para residência de férias e de repouso. Esta estância de veraneio era então muito procurada e frequentada pela elite da época (políticos, comerciantes, escritores, etc.).

Mais tarde, com a construção da Estrada Marginal e do Estádio Nacional, parte da propriedade foi expropriada para a Fazenda Pública. Demolições, terraplenagens e remoção de terras modificaram o local transformando-o numa zona aprazível e verdejante. Do antigo convento, forte e casas de veraneio, nada resta, com excepção de alguns vestígios da Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem, situada no Estádio Nacional, e alguns restos da antiga "cerca" onde se cultivava a "horta" e o pomar (nora, tanque, aqueduto, etc.)

9 comentários:

Laetitia disse...

Que engraçado, sempre vi o Farol mas nunca vi essa capela (se é que posso assim chamar).

Podemos visitar?

Beijos

M.A.R. disse...

Obrigada pelo passeio em que serviu de guia e, mais aínda, pela lição de história que tão bem nos soube dar. Que nos trará a seguir?
[[]]

Gi disse...

É sempre tão bom saber!

Anónimo disse...

Red vou informar-me. Logo que saiba direi.
Amélia a seguir..... é um texto grandinho.....
Gi, pois é. E o gozo que dá pesquisar estas coisas??????

Anónimo disse...

É uma ermida. Durante vários anos esteve completamente abandonada. O local era frequentado por senhoras da velha profissão do mundo. O mato cresceu, estava tudo ao abandono e os veraneantes não se atreviam a disfrutar a bela paisagem. Há cerca de dois anos a Junta de Freguesia da Cruz Quebrada/Dafundo em parceria com a CMO decidiram restaurar a ermida e vedar toda a zona de acesso do lado do Alto da Boa Viagem. Aos Domingos celebra-se uma missa nesta ermida. O acesso pelo lado das bombas de gasolina, há um portão que está aberto na hora da da missa, por onde podem passar os carros, terminada a missa o portão é novamente encerrado. Há outro caminho de terra batida, junto ao complexo das piscinas do Jamor, há uma maneira de poder de lá chegar. Também; quem vem da marginal, antes das bombas de gasolina,(para mim este é o mais interessante) temos de subir umas escadas que parece que não têm fim, há vários nichos, esculpidos em rocha, no final dessa escalada encontramos a ermida. Venham ver, vale a pena.

Anónimo disse...

Red só falta saber o horário da missa....
Amélia e Gi podemos ir lá. Não é preciso fim de semana grande lol

Anónimo disse...

Red só falta saber o horário da missa....
Amélia e Gi podemos ir lá. Não é preciso fim de semana grande lol

José Rico disse...

Num dia de 1.º de Maio 1959, as professoras D.ª Clotilde e D.ª Ilda levaram-nos (seus alunos da SIMECQ) em passeio com lanche levado por nós, a passear, até essa capela de Nossa Senhora da Boa Viagem.
Foi uma tarde de "cega-rega" (divertimento, com jogos tradicionais) que ficaria na memória de todos nós.
Os dois únicos passeios que demos na SIMECQ, foi este, ora citado, e a ida ao exame da 4.ª classe, efectuado na Associação Desportiva de Oeiras (ADO). Os tempos eram de contenção, e não havia dinheiro para quase nada.
Contudo, fomos muito felizes na SIMECQ, guardando-a no coração até hoje.
Parabéns, SIMECQ.

José Rico disse...

Rectificação ao meu comentário de "3 de Janeiro de 2020":
O dia do passeio, foi na "quinta feira de espiga".

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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