Este senhor que vos apresento nesta foto de 1902, nasceu em Lagos, em 19 de Maio de 1876 e morreu em Lisboa em 25 de Maio de 1962. Foi um médico, poeta, jornalista, político, diplomata e dramaturgo português. É dele, por exemplo, a autoria da belíssima e famosa peça de teatro “ A Ceia dos Cardeais” que é, sem dúvida, um dos clássicos do teatro português. Foi justamente do libreto, da época, desta peça, que extraí a foto que mostro.
Um dia falaremos com mais pormenor de Júlio Dantas.
Hoje, é minha intenção apenas, neste princípio de semana, deixar os meus leitores com um sorriso nos lábios com o bom humor de algo que ele publicou sob o mesmo título que dei a este apontamento. É afinal um tema que se mantém actual e, quanto a mim, a graça estará principalmente nos termos que, à época, eram usados. Divirtam-se pois e procurem o livro onde isto vem publicado e que eu menciono abaixo. Verão que terão uma leitura muito curiosa para as vossas férias.
“ O cuco é uma ave que tem o mau costume de por os ovos no ninho dos outros. Por antítese, o Sec.XVIII chamou “cuco” ao marido que deixava entrar os outros no ninho dele.
Havia, segundo os papeis dos conventos e das mercuriais do tempo, muitas espécies de “cucos”
Cuco, em geral era o marido de uma mulher infiel
Ante-cuco o homem casado com mulher que foi de outro antes do casamento, mas que se portava bem depois de casada.
Recuco, o marido de mulher que fora de outro, ou de outros antes do casamento e que continuava a portar-se mal depois de casada.
Chischismelro, o marido que sabia das infidelidades da companheira e não se importava com isso.
Ribeirinho, o marido consentidor, que aínda por cima recebia e obsequiava os amantes da mulher.
Finalmente, Assombrado, era o marido que estivera para ser cuco por um triz mas que o não chegara a ser por milagre.
Desde as salas do Paço até às vielas da Madragoa, desde as casas solarengas até às hortas do Ducado, a Lisboa fidalga do Sec XVIII transbordou de cucos e recucos, de chischismelros e de ribeirinhos, de ante-cucos e de assmbrados. Foram tantas, entre nós, as intrigas amorosas, tantos os maridos infelizes e tão frequentes os escárneos públicos a que eles estavam sujeitos, que as circunstâncias aconselharam a publicação do alvará de 26 de Setembro de 1769 e obrigaram o Marquês de Pombal a mandar proibir, sob pena de Aljube, por outro alvará célebre, que se permitisse na brincadeira de mau gosto de andar a dependurar chavelhos, de noite, pelas portas de toda a gente”
Do livro - O AMOR EM PORTUGAL NO SEC.XVIII
M.A.
3 comentários:
Tantos cucos, neste século chamam-lhe outros nomes.
Que amores estes......
Em boa verdade, o Júlio Dantas escreveu estas linhas colocando
o adultério apenas "no feminino", mas, quanto a mim, em todas as épocas,inclusivè nos nossos dias, as coisas nunca foram...NEM SÓ BRANCAS, NEM SÓ PRETAS.
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