Como tudo começou

01/11/08

O DIA DE TODOS OS SANTOS

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Geralmente em cada dia do ano há um santo a ser comemorado, mas no início do Sec. VII, dado que havia já mais que 365 santos, o Papa Bonifácio IV resolveu o assunto designando então o dia 1 de Novembro como “Dia de Todos os Santos”, assim nenhum ficaria esquecido pela Igreja. Mais tarde, no final do Sec. X, Santo Odilão, quarto Abade de Cluny juntou às celebrações em louvor dos Santos algumas orações pelo descanso eterno dos defuntos. Assim, passou a haver como que uma mistura de intenções num mesmo dia e para evitar isso foi feita depois a separação de datas, ficando o 1º de Novembro consagrado a “Todos os Santos” e o imediato, o dia 2 , exclusivamente para os Fieis Defuntos. No entanto, em Portugal, há localidades em que o dia 1 é justamente também aquele em que se vai ao cemitério, levar flores e velas com intenção de homenagear os parentes falecidos, havendo igualmente algumas cerimónias religiosas, nomeadamente, ao entardecer, a Procissão das Almas.

Há algumas tradições populares para o Dia de Todos os Santos. Uma delas é precisamente o pedir o “Pão por Deus” que é afinal, como que a transposição das “Janeiras” para esta data. De modo idêntico as crianças andam de porta em porta cantando quadras populares recebendo em troca algumas moedas ou guloseimas que variam consoante a zona geográfica.

Há bastantes anos atrás vivi em Lamego, numa zona periférica da cidade, já um bocadinho rural. Junto de nós habitava um casal humilde, de certa idade, com quem criamos excelentes relações e que, talvez pela nossa idade jovem, ao meu marido e a mim nos “adoptaram” como netos, pelo carinho com que sempre nos tratavam. Ele trabalhava da Câmara mas, a esposa, que tinha uma voz fortemente anasalada, amiúde fazia questão de especificar que o marido não era varredor mas sim um… “zelador da Cambra” e, pela nossa parte, houve sempre o cuidado de não esquecer essa designação!

Ora, se relembro estas personagens é para vos contar que, no dia 1 de Novembro eles bateram à nossa porta para dividirem connosco o seu “Pão por Deus” que haviam trazido de uma cerimónia na Sé. Explicaram-nos que aqueles dois pequeninos pães, benzidos pelo Bispo, iriam guardar o nosso lar de tudo que de mau pudesse nele entrar e, inclusivamente, iriam proteger-nos mesmo das trovoadas! Claro que, sensibilizados, agradecemos-lhes aquela partilha e foi realmente a primeira vez que ouvi falar neste costume que, sendo curioso, é mais uma variante daquele outro em que o “Pão por Deus” é pedido de porta em porta.

Geralmente, associada a estas tradições populares anda sempre a gastronomia. Neste caso temos a doçaria. Eis, pois, uma receita, tanto quanto me parece alentejana, das típicas “Broas dos Santos”:

0,5 Kg de batatas doces que se cozem com casca de limão. Pelam-se e reduzem-se a puré. Juntam-se 0,250 Kg de açúcar e outro tanto de farinha à qual se misturou uma colher das de chá de fermento, uma pitada de sal e outra de sementes de erva doce. Depois juntam-se um ou dois ovos e amassa-se tudo muito bem. Por fim misturam-se nozes, passas, pinhões, etc. Moldam-se bolinhos achatados que se pincelam com ovo e se levam ao forno.

M.A.

1 comentário:

Anónimo disse...

Quando eu era pequenina
ali para as bandas de Algés
viam-se dezenas de crianças
que a percorriam de lés-a-lés

Eram muitas as iguarias
que juntávamos nas sacolas
nozes, amêndoas, rebuçados
(não havia as coca-colas)

terminada a "colheita"
o grupo tinha reunião
dividia-se tudo o que havia
tal não era a união!

Fazia-se o pic-nic
de lado ficava o pão
contavam-se as moeditas
desde o escudo ao tostão!

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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