Como tudo começou

18/02/09

OUTRA HISTÓRIA SOBRE ANIMAIS


Recentemente desloquei-me até terras do litoral e ouvi uma história que vou partilhar convosco.
Começarei por apresentar as protagonistas, estas «duas damas de quatro patas»:
A primeira, de nome «Lira», é uma gata arraçada de siamesa que apareceu em determinada casa, onde se sentiu bem, e resolveu assentar arraiais.
A segunda, sarapintada de preto e branco, chama-se «Tuxa», apareceu tempos depois, também abandonada, ainda muito pequenina e, por ali ficou também.
Digamos que são duas bichanas com uma vida feliz. Nunca lhes faltou a ração nem os carinhos e, para dormir, tem cada qual um cesto almofadado e aconchegado, quando não, o próprio colo das suas duas donas. Que mais poderiam desejar?
Mas… a força da Natureza impõe-se…e os apelos amorosos também se fizeram sentir à medida que elas cresceram. A «Tuxa» apareceu, portanto, há pouco, com a barriguita a crescer pela primeira vez e, devido ao frio que por aquelas paragens se fez sentir, um forte resfriado veio complicar o seu estado. Ela tossia e espirrava tão intensamente que as donas andavam mesmo preocupadas com o assunto, mas, abstinham-se de lhe dar outros medicamentos, para além das mesinhas caseiras, não fosse eles irem interferir com a gestação em curso.


Uma manhã, em que a «Tuxa» parecia estar em riscos de sufocar, tão aflita se mostrava, resolveram chamar um táxi para a levar à veterinária. Porém, quando estavam para sair de casa, deram conta que um «meio-gato» pequenino estava já fazendo a sua aparição neste nosso mundo dos humanos, que o é também dos irracionais!


Viagem anulada, começou agora o natural tempo de espera. Porém, a verdade é que não surgia qualquer evolução no nascimento daquela cria e, uma das donas, preocupada, porque via a mãe gata bastante alheada do assunto, resolveu contactar alguém que trabalhava na maternidade de um hospital, no sentido de perguntar se poderia puxar o gatinho todo para fora da mãe!

Foi, quando voltava do telefonema, que, uma súbita inspiração, a levou a agarrar a «Lira» e a pô-la junto da outra…
Aqui, farei uma pausa, para vos informar que, neste momento, era já bastante emocionada a voz de quem me fazia este relato, pela cena que recordava, quando me disse: _ A «Lira» tomou de imediato conta da situação e, qual enfermeira-parteira-diplomada, foi fazendo aquele parto com toda a eficiência!...
A dona, maravilhada, respirou fundo, mal viu as crias saírem uma após outra e, logo a serem cuidadas e limpas impecavelmente. Confiante naquela «parteira que se mostrava tão competente» a dona afastou-se por ter que fazer.


Voltando, mais tarde, deparou-se com algo que não esperava. A parturiente dormia profundamente no seu cesto e, dos gatos… nem sinal!
Resolveu fazer uma busca pela casa, começando por ir ao cesto da outra gata, que encontrou vazio; prosseguindo, veio a dar com a «Lira» deitada sobre a almofada de um maple, ronronando feliz, com oito bocas famintas já agarradas às sua maminhas.

O serviço não podia ser mais completo. Acabada a sua função de parteira deu inicio ao de ama-de-leite,! Não me perguntem como tinha ela leite, mas a verdade é que isso aconteceu.
A «Tuxa» foi em seguida à veterinária tratar da constipação. A drª. explicou que terá sido o facto de ela estar sem olfacto que impediu que despertasse o instinto maternal, daí ela não colaborar no parto, não se aperceber da presença das crias, nem depois, sequer, sentir a falta delas!

Após esta atribulada experiência, por sugestão da veterinária, as donas resolveram que o melhor seria mesmo passar a dar «a pílula» às duas gatas!…

Nota – Contei isto a alguém (conhecedora do meio rural) que me disse que as ovelhas e cabras também se auxiliam nestes momentos do nascimento das crias. Mais ainda, após cada cabritinho, recém-nascido, estar cá fora, algumas das cabras presentes, fazem um círculo em seu redor, como que a protegê-lo, até que este se levante e comece a caminhar.
Ora digam lá se não é, no mínimo, curioso, encontrarmos exemplos de solidariedade como estes, entre os chamados irracionais?!...

As fotos são da autora do post, mas nem sonham como foi difícil fazê-las! Como «vedetas» que são, fugiam mal viam a câmara por perto.

M.A.

10 comentários:

Anónimo disse...

Curioso este relato, sem dúvida.
E um excelente exemplo de solidariedade

Borboleta disse...

Adorei a história!!
Sabendo que é real ainda fico mais feliz, afinal cada vez mais acho que os animais de quatro patas são um exemplo a seguir!

Beijinhos

pensamentosametro disse...

Linda história, prova provada que os ditos racionais podem aprender tanto com os de quem dizem ser irracionais.


Bjos


Tita

Anónimo disse...

Nós humanos é que teimamos em contrariar a natureza.

Anónimo disse...

Nós humanos é que teimamos em contrariar a natureza.

Anónimo disse...

Como é fácil permitir que a natureza se exprima livremente.
E como é absurdo e às vezes trágico quando a contrariamos. O a forçamos porque "nos" é mais conveniente.
Porque é que "os homens" insistem em comportar-se como se ainda vivessem na idade média?
Já estou a falar de outra coisa, não é? Pois!
É melhor eu ir jantar. Jinhos!!!

Anónimo disse...

Pois, também assisti a momentos de solidariedade entre os animais.
Tive um gato "Missifu" e uma gata "Teca", quando esta estáva a dar à luz, o gato dava-lhe todo o seu apoio.
O Missifu deixava um gato "Bau Bau", esfomeado por natureza, servir-se primeiro da sua ração, por vezes a dita desaparecia num ápice, mas ele não se importava.
Um exemplo para os racionais.
Um exemplo para os racionais

Anónimo disse...

Sei de fonte segura que o patrono da casa onde esta história se passou, dizia, por graça, que ali "...mais valia ser bicho do que gente...!". Cresci lá, feliz, no meio de cães, gatos, piriquitos, galinhas, porcos, coelhos, peixes e até... uma macaca!!! Se eu fui feliz, a bicharada não o foi menos... A tradição mantém-se!

Anónimo disse...

Geralmente as histórias com animais despertam sempre o que de melhor há em nós. Ninguém consegue ficar indiferente perante uma atitude "tão racional" como a desta gata Lira.
Para um melhor entendimento, as donas destas gatas são 2 irmãs,antigas empregadas de casa dos meus pais e nossas velhas e queridas amigas, que hoje ainda vivem lá.
A Zé, que deixou aqui um comentário é a minha filha mais velha que nunca perdeu a forte ligação àquela casa também.A frase que ela refere era o que o que ela ouvia o seu avô dizer à sua avó,fazendo graça, pela atenção que ela exigia a todos para que os bichos estivessem sempre bem cuidados. A avó justificava-se respondendo:_"Pois, claro,os bichos não falam para se poderem queixar se têm fome ou sede!"
Já agora, esta Zé, minha filha, é a dona dos canitos Zara e Sting e também do Nobel, já falecido, cujas histórias de vida já passaram por este blog, há tempos atrás.
A todos mais que nos deixaram os seus comentários queremos dizer:_ Bem hajam e voltem sempre.

Laura disse...

Por acaso nem sabia que era assim e a outra parteira aalimentou as crias, assistiu e ajudou no parto. Benditos animais, tão cheios de amor...pena os seres humanos nem todos reajam dessa forma... Beijinhos muitos, da laura..

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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