Como tudo começou

23/11/09

DESEJOS



Desejo-lhe, primeiro que tudo, que ame, e que amando, também seja amado. Mas se o não for, que seja breve em esquecer. E que esquecendo não guarde mágoas.

Desejo também que tenha amigos, ainda que maus e inconsequentes. Que sejam corajosos e fiéis, e que pelo menos num deles possa confiar sem duvidar.

Desejo ainda que tenha adversários, nem muitos, nem poucos, apenas na medida exacta para que, algumas vezes, você próprio se interpele a respeito das suas certezas. E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo, depois, que se sinta útil, mas não insubstituível. E que, nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para o fazer manter-se de pé.

Desejo, ainda que seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que, fazendo bom uso dessa tolerância, sirva de exemplos aos outros.

Desejo que, sendo jovem, não amadureça depressa demais, que, sendo maduro, não insista em rejuvenescer, e que, sendo velho, não se entregue ao desespero. Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor, e é preciso deixar que aconteçam em tempo certo.

Desejo-lhe, que se sinta triste, não o ano todo, mas apenas um dia. E que, nesse dia, descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insonso e o riso constante é insano.

Desejo que descubra, com a máxima urgência, acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos e infelizes, e que eles se encontram bastante perto de si.

Desejo, ainda, que afague um gato, alimente um cuco e ouça um joão-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal, para que, assim, se sinta bem com pouca coisa.

Desejo também que plante uma semente, por mais minúscula que seja, e acompanhe o seu crescimento, para que saiba de quantas vidas é feita uma árvore.

Desejo-lhe igualmente, que tenha dinheiro, porque é preciso ser prático. E que, pelo menos uma vez por ano, coloque um pouco dele na sua frente e diga "isso é meu", só para que fique bem claro quem é dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afectos morra - por ele e por você - mas, se morrer, que você possa chorá-lo sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo, por fim, que , sendo homem, tenha uma boa mulher, e que, sendo mulher, tenha um bom homem, e que os dois se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes e, quando já exaustos e sorridentes, ainda haja amor para recomeçar.

E, se tudo isto assim acontecer, não será mesmo necessário desejar-lhe mais nada.


Este escrito é atribuído a Victor Hugo, escritor e poeta francês (1802-1885)Procuramos, mas não conseguimos obter realmente uma confirmação. Independentemente de quem tenha sido o seu autor, por termos achado estas máximas interessantes, trazemo-las para os nossos leitores.
M.A.

2 comentários:

Helena Teixeira disse...

Olá!
Gostei muito deste texto,faz pensar na Vida e no seu sentido.Mas depois olhei para as fotos do porco-espinho e apaixonei-me.Li o post e pronto,já queria adoptar um no Natal :)
Falando em Natal,mal está acabando a Blogagem de Novembro,já a venho picar para se meter noutra ;) A blogagem está a decorrer com calma e por enquanto todos estão mais ou menos ao mesmo nível.Muito fair-play,está bonita :) e os textos são recordações marcantes.
Aproveito para a convidar para participar na Blogagem de Dezembro.O tema é: O Natal na Minha Terra.Já sabe:texto máx. 25 linhas e 1 foto até dia 8/12 para aminhaldeia@sapo.pt
Desta vez,haverá uma novidade diferente.Verá ;)

Jocas gordas
Lena

Quica disse...

É necessário ler textos como este, para nos dar um certo consolo ao nosso ego.

Hoje veio mesmo a calhar, seja do Victor Hugo ou não.

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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